Quadrilhas estão cada vez mais ousadas em golpes bancários. Na Capital, uma jornalista que não quer se identificar foi vítima no último domingo (10). Ela foi até uma agência bancária na Avenida Mato Grosso e ao tentar realizar um saque seu cartão ficou preso no caixa eletrônico. “Naquele momento um senhor que estava na agência disse que várias pessoas tiveram seus cartões presos no caixa eletrônico e me mostrou o aparelho de telefone do banco que estava na parede para eu falar com um atendente do banco. O atendente solicitou todas as informações, inclusive senha, código de segurança do meu cartão e disse para não me preocupar porque o cartão seria bloqueado. Até me forneceu o número de protocolo da ligação”, comentou.

De acordo com a jornalista, a atendente solicitou também o número de celular e disse que ligaria mais tarde. “Já era à noite e como ninguém me ligou resolvi voltar à agência bancária e reparei que o telefone que eu falei com o atendente não estava mais lá. Então fui à outra agência e vi que também não tinha telefone e foi aí que desconfiei e liguei para a central de atendimento do banco e me informaram que meu cartão não havia sido bloqueado”, disse. Com as informações do cartão, a quadrilha conseguiu no mesmo dia fazer um empréstimo de R$ 8 mil, um saque de R$ 1 mil, transferiu outros R$ 2 mil e ainda comprou na loja de uma operadora de celular um aparelho no valor de R$ 2,1 mil.

A delegada adjunta do 1º Delegacia de Polícia Civil, Rozeman Geise Rodrigues de Paula, diz que o grande erro das vítimas destes tipos de golpes é fornecer senha e outros dados pessoais. “Senhas bancárias não devem ser fornecidas, nem mesmo o banco pede essas informações porque ele já tem acesso aos seus dados. Quando a vítima tiver o cartão preso no caixa eletrônico e não tiver nenhum funcionário do banco para ajudar, por exemplo, em um final de semana, a orientação é ligar para o número de telefone fornecido no verso do cartão, aquele 0800 ou 4004, através da central de atendimento para pedir o bloqueio do cartão”, orienta.

Os bancos, de acordo com Rozeman Rodrigues de Paula, já estão deixando de utilizar aqueles telefones que antes ficavam à disposição do cliente. Em muitos casos, os golpistas instalam aparelhos de celular dentro dos telefones e o atendente pode ser o próprio fraudador. “Além disso, o fraudador embute um equipamento conhecido como chupa cabra no caixa eletrônico e todas as informações como a senha do cartão são copiadas. Numa ação rápida, eles abrem a parte da frente do caixa eletrônico e instalam até notebook, entre outros aparelhos que geram mensagens com todas as informações do cartão”, explica.

Ao deparar com um caixa eletrônico que está apresentando problemas, o correto, segundo a delegada adjunta, é procurar outro terminal. Outra orientação é nunca aceitar ajuda de pessoas estranhas. “Quando vamos ao caixa eletrônico e pedimos orientação, o funcionário do banco nos ajuda e se distancia quando digitamos a senha. Com o fraudador é diferente, em toda a operação bancária ele não sai de perto”, alerta a delegada adjunta. A dica também é desconfiar de pessoas que estão com uniformes e até crachás do banco, mas que estão fora do horário de expediente.

Cuidados

A Polícia Civil indica outros cuidados para transações bancárias. A dica é variar horários e dias para realizar operações no caixa eletrônico ou mesmo na agência bancária, evitando desta forma a rotina. O dinheiro ou cheque não devem ser carregados nos bolsos da roupa ou mochila nas costas. Ao sair do banco, o correto é não sair com qualquer pacote nas mãos, porque isso chama a atenção dos golpistas. É bom evitar também sacar grandes quantias de dinheiro. A orientação é preferir outros meios de pagamento.

Quando houver extravio, ou algo errado ocorrer com o cartão bancário, além de solicitar o bloqueio do cartão, a vítima deve comunicar o fato à Delegacia de Polícia mais próxima. Os extravios ou furto simples de documentos podem ser registrados pela internet por meio do site www.pc.ms.gov.br “Com esses cuidados a pessoa vai evitar muitos problemas, já que o golpista pode retirar dinheiro da conta, fazer compras, além de depositar cheques fraudados e se envolvendo num crime”, alerta.