Fábrica clandestina em Campo Grande enviava medicamentos para todo o país, afirma polícia

Produtos à base de plantas medicinais eram feitos nos fundos de uma casa na Vila Jacy. O responsável pela fábrica foi preso em flagrante, em ação conjunta das polícias e da vigilância sanitária.

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Produtos à base de plantas medicinais eram feitos nos fundos de uma casa na Vila Jacy. O responsável pela fábrica foi preso em flagrante, em ação conjunta das polícias e da vigilância sanitária.

Uma ação conjunta entre as polícias e os órgãos de vigilância sanitária levou ao fechamento de uma fábrica clandestina de medicamentos nesta quarta-feira (29), no bairro Vila Jacy em Campo Grande. Cerca de uma tonelada de produto foi apreendida nos fundos de uma residência na rua Guaçu, além de matéria-prima, embalagens e petrechos usados na preparação do material. Foi necessário um caminhão para o transporte da mercadoria.

Os medicamentos apreendidos eram feitos à base de várias plantas, como cancorosa, chapéu de couro, ipê roxo e espinheira santa. Nas embalagens, a promessa de cura de várias doenças: câncer, reumatismo, diabetes, hemorróidas.

A fábrica clandestina instalada em Campo Grande distribuía produtos para todo o país. A investigação levou vários meses, e só foi possível apontar a origem dos medicamentos após apreensões feitas em vários Estados, como Amapá e no Pará.

No momento da fiscalização, por volta das 10 horas, um casal estava no local e se identificou como dono do imóvel. Bento Rodrigues, de 52 anos, foi preso em flagrante e conduzido à Delegacia do Consumidor (Decon). Para os investigadores, as pessoas não tinham formação adequada para manipular medicamentos.

A terapeuta ocupacional Franciele Cavalheri, que se identificou como nora de um dos envolvidos, não imaginava a proporção que o caso iria tomar. Ela disse que o sogro achava que podia fabricar medicamentos: “se vende, é porque tem gente que compra. Isso já faz parte da cultura popular”, explicou Franciele.

O chefe de segurança institucional da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Adilson Bezerra, esclareceu que a produção e venda de medicamentos a base de plantas é permitida, desde que haja controle dos órgãos sanitários. “Tudo deve ser registrado para garantir a segurança do consumidor. Produto sem controle sanitário é risco de vida para quem consome”, disse Bezerra.

Caso seja manipulado sem conhecimentos técnicos adequados, o princípio ativo das plantas pode causar intoxicação e lesões em vários órgãos vitais – como rins e fígado – se o produto for consumido em dosagens inadequadas.

A operação denominada “Erva Daninha” é um desdobramento da ação deflagrada ontem (28), e que lacrou três farmácias que vendiam produtos falsos, como remédios para impotência sexual. Em uma das lojas, no bairro Zé Pereira, o dono e a farmacêutica foram presos pela venda de medicamentos vencidos.

O delegado da Decon, Adriano Garcia, disse que os crimes contra a saúde pública são hediondos e inafiançáveis. Os agentes constataram a falta de higiene no local e não encontraram provas técnicas de que os medicamentos fabricados produzam os efeitos à saúde prometidos nos rótulos. A pena para este tipo de crime é de reclusão de 10 a 15 anos e multa que pode variar de R$ 1,5 mil a R$ 1,5 milhão.

Participaram da ação os seguintes órgãos: Decon, Anvisa, Polícia Federal, secretarias estadual e municipal de vigilância sanitária, e Conselho Regional de Farmácia. Desde 2007, segundo a Anvisa, já foram fechados 400 estabelecimentos clandestinos pela agência no país.

Curso para combater medicamentos irregulares

Em parceria com a Anvisa, o Conselho Regional de Farmácia promove entre os dias 30 de setembro e 1º de outubro na Capital um curso voltado aos profissionais do setor. Com o tema “Combate aos medicamentos irregulares”, o evento será realizado na Câmara de Vereadores e tem como objetivo ensinar a correta identificação desse tipo de produto.

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