Dois pesos duas medidas
Vivemos uma época de graves distorções comportamentais. A pandemia não pode justificar tão forte mudança no perfil ético, moral, afetivo e racional do brasileiro. Temos uma história singular no mundo. A fundação da Nação foi sem guerras e disputas, nos tornamos Reino Unido de Portugal pela iniciativa do Príncipe Regente de Portugal, D. Joao VI, […]
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Vivemos uma época de graves distorções comportamentais. A pandemia não pode justificar tão forte mudança no perfil ético, moral, afetivo e racional do brasileiro. Temos uma história singular no mundo.
A fundação da Nação foi sem guerras e disputas, nos tornamos Reino Unido de Portugal pela iniciativa do Príncipe Regente de Portugal, D. Joao VI, que assim se tornou Rei do Brasil. Depois, a separação, chamada de Independência, foi feita por seu filho, então Príncipe Regente do Brasil, logo Imperador. Ao longo do segundo reinado, tivemos a rápida pacificação de movimentos separatistas na espada do estadista-mor Duque de Caxias, e a República se fez em 24 horas, sem derramamento de sangue. E assim foi até 1930, com a Revolução que não teve batalhas; o Estado Novo caiu com um simples ultimato ao ditador, que voltou cinco anos depois nos braços do povo. Em 64, o movimento atendeu a um reclamo quase que unânime e foi resolvido em dois dias.
Apesar dos ressentidos de sempre, casos de psicopatas, não temos racismo, intolerância religiosa nem política. Preconceitos são inerentes ao ser humano e hoje a legislação no mundo civilizado coíbe abusos. O rigor fica restrito à manutenção da ordem pública, sem a qual o povo não tem segurança e o país não tem estabilidade.
O radicalismo é venenoso, perigoso. O governo pode ter errado em relação à pandemia em detalhes e nas declarações desnecessárias do presidente. Talvez pouco ousado em garantir vacinas, mas acertou no acordo com a Oxford-AstraZeneca, ano passado, e permitiu acordos como o do Butantan com a Sinovac, da China, e a do governo do Paraná com a Sputnik, russa. Erra em não lutar pela abertura aos privados para que os trabalhadores sejam vacinados, por conta e risco patronal, para apressar a imunização e a volta da economia. No mais, não faltaram recursos aos estados para combater a pandemia. Faltou zelo, responsabilidade e honestidade a estes entes.
Considerando a gravidade da situação, seria o momento de boa vontade, conciliação pontual, ou seja, em tudo que facilite a vacinação e tudo que dê um mínimo de condições para a retomada e crescimento econômico. Sem o que não teremos os empregos necessários.
A sociedade está revoltada com a falta de foco nos problemas reais. E o Judiciário vem se desacreditando. Ou vai anulando processos, liberando implicados ou age com requintes de crueldade e demagogia, como no caso do ex-governador do Rio Sérgio Cabral, preso há quatro anos. Ele colaborou, devolveu dinheiro e poderia ter a domiciliar a que todos os demais implicados tiveram, quando não agraciados como o ex-presidente Lula, com chocante perdão . Silêncio pusilânime, com medo dos pregadores do ódio, que logo acusam quem clama por justiça com cumplicidade.
Não enobrece nosso país essas distorções, intolerância e indiferença com o que realmente interessa: vacinas e empregos. Deveríamos trocar o ódio pela solidariedade.
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