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Opinião

Que carnaval queremos ter?

Coronel Alírio Villasanti, ex-comandante do 6° BPM de Corumbá, expressa sua livre opinião a sobre questões de segurança pública.
Arquivo -
União Brasil
Vereador Coronel Alírio Villasanti, que assume o União Brasil em Campo Grande.
Que carnaval queremos ter?
Coronel Alírio Villasanti

O Carnaval acabou e, para grande parte da população, a partir da quarta-feira de cinzas a vida retoma seu ritmo e cadência normais. As preocupações com a economia do país, com o coronavírus, com o ano eleitoral, com o IPTU, IPVA,  entre tantos outros assuntos, voltam com força às rodas de conversa e acalorados debates pelas redes sociais. Mas isto é privilégio apenas daqueles que souberam curtir a folia com moderação e senso de bem comum. Outros, que entraram para as estatísticas de crimes e infrações, por tabela acrescentaram em suas vidas problemas adicionais.

Fazendo uma retrospectiva do ano anterior, é notória as similaridades dos acontecimentos ocorridos durante a mais tradicional festa popular: fantasias lindas e vultuosas se misturaram e ditaram o ritmo da alegria, animação e, de forma muito singular, cada qual transmitiu sua mensagem.  Foram dias em que os problemas, os dilemas, as celeumas e dores pessoais ficaram “esquecidos” temporariamente em um canto qualquer… Os foliões literalmente entraram na onda e extravasaram em felicidade e emoção. E vamos admitir: eventualmente isto é necessário para reposição de nossas energias e reequilíbrio emocional!

Percebo que para alguns foliões faltou o ingrediente, moderação. O equívoco ou erro cometido por esses foi não dosar o equilíbrio entre a busca de satisfação pessoal e os tênues limites entre CERTO X ERRADO, SAUDÁVEL X PREJUDICIAL, DIREITO X DEVER,  evidenciando assim que o desmedido é excesso e deve ser combatido sempre, especialmente durante os momentos em que nos concedemos o alvará de “felicidade total”.

Em nossa cidade se repetiu o mesmo cenário de anos anteriores durante os festejos carnavalescos, porém, em números expressivamente superiores: uso excessivo de drogas e bebidas, desrespeito às leis, às mulheres e, principalmente, desrespeito pela vida (de si próprio e de terceiros). Lamentavelmente, tais atos sempre culminam em um rastro de destruição e estragos que vai muito além da vida individual daquele que deu causa a tal fato: famílias são impactadas e sofrem pelas vidas ceifadas, pelas prisões realizadas e pelos sonhos interrompidos. A sociedade igualmente se choca com os impressionantes números e notícias de que:

–  85% dos atendimentos médicos realizados foram em consequência do consumo abusivo de álcool e drogas e, destes, a maioria adolescentes;

– lojas e passeios públicos foram vandalizados e depredados;

– seguranças e policiais foram agredidos em tentativa de controle e dispersão de tumultos generalizados;

– mais de 100 denúncias de crimes contra as mulheres foram registrados;

– houve aumento superior a 80% na emissão de autos de infrações de trânsito por embriaguez, resultando em prisões em flagrante e CNH recolhidas.

Diante deste quadro, vejo que alguns aproveitaram a festa de carnaval para esquecer de tudo, inclusive de princípios comportamentais essenciais para a boa convivência humana. A ausência de respeito pelo espaço e direito do outro é gritante. E é um grito de socorro de uma maioria da sociedade que, apesar das dificuldades enfrentadas pela carência de emprego, educação, saúde, segurança pública e tantas outras, vive e se comporta com dignidade e sobretudo com compaixão pelo próximo. É isto que me faz ter a convicção de que juntos podemos promover as necessárias mudanças para um carnaval diferente e realmente festivo.

Para tanto, basta que haja boa vontade política e social na promoção de discussões sem paixões, pautadas na racionalidade e na comunhão de esforços em torno de objetivos comuns. Órgãos da segurança pública, poder executivo municipal e estadual, poder legislativo municipal e estadual, Ministério Público, AGETRAN, Conselho Tutelar, entidades representativas, OAB, PROCON, empresários, blocos de carnaval, veículos de comunicação e comunidade são apenas alguns dos atores essenciais para a análise e planejamento dos pontos de melhoria e mudanças que queremos ter.

E o que fica para o próximo carnaval? Apenas a reflexão de que somos o que construímos e que a decisão de acrescentar ou reduzir conflitos em nossas vidas, é exclusivamente nossa. Temos 01 ano para praticarmos o exercício diário de não olharmos apenas para nosso próprio umbigo e sim prioritariamente para o bem coletivo. E, principalmente, de nos engajarmos nas discussões e debates que serão base para as novas diretrizes e normas relativas a esta que pode vir a ser uma linda Festa de Carnaval!

 

E para você o que representou o carnaval? Comente em nossas redes sociais:

Instagram: @aliriovillasanti

Facebook: /alirio.villasanti

 


* Coronel da PMMS, ex-comandante do 6° BPM de Corumbá, do Batalhão de Trânsito, ex-integrante do DOF, autor do livro Segurança Pública e Qualidade de Vida e atual presidente da Associação dos Oficiais Militares Estaduais de MS (AOFMS).

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