É preciso paciência e coragem
Em lúcida entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, o ex-diretor do Banco Central Mário Torós, hoje no setor privado, observou com realismo e oportunidade que a política econômica está na direção correta. Lembrou, no entanto, que os resultados não podem ser imediatos; devem ser lentos e sólidos, face a dimensão da crise provocada pelos anos […]
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Em lúcida entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, o ex-diretor do Banco Central Mário Torós, hoje no setor privado, observou com realismo e oportunidade que a política econômica está na direção correta. Lembrou, no entanto, que os resultados não podem ser imediatos; devem ser lentos e sólidos, face a dimensão da crise provocada pelos anos de irresponsabilidade no trato da coisa pública. “Chegamos ao fundo do poço!”, exclamou o economista.
A importância dessas palavras vem pelo fato de partirem de economista respeitado, independente, que não está envolvido com o governo. Com a entrevista, quis apenas prestar mais um serviço público.
O governo tem sido mais adjetivo do que substantivo ao mostrar a dimensão da herança recebida dos anos PT, que foram amenizadas pela gestão Temer, que, pela fraqueza decorrente das más companhias, não conseguiu aprovar parte das reformas. Espera-se que o presidente esteja ciente da realidade e mantenha apoio incondicional a uma equipe preparada que comanda o setor econômico do governo. Foi uma pena a perda de Marcos Cintra, veterano na causa liberal e no combate à burocracia.Números recentes da industria nos últimos cinco anos chocam!
Quando se fala na falta de articulação política do Planalto, em termos de ganhar a opinião pública não engajada – a famosa e decisiva maioria silenciosa, que, na verdade, elegeu o presidente –, deve-se incluir também outras áreas importantes, de bom desempenho de seus titulares, como nos casos de Ricardo Salles e Paulo Guedes, mas sem a cobertura necessária dos formadores de opinião. Muitos destes, nas entidades de classe empresariais, como as associações comerciais de São Paulo, Rio e Minas, já se manifestaram solidários com a política econômica, mas faltam ainda espaços na mídia, inclusive aquela que se nota muito patrocinada pelas confederações e federações patronais. Falta quem saiba ouvir rádio, assistir televisão, ler jornais. Parece que o governo só tem quem saiba lidar com as redes digitais e, mesmo assim, muito voltadas para seu grupo mais fiel. Governo tem de contar com o apoio de todos, tem de conquistar os que se equivocaram no voto ou estão sendo levados à dissidência. Política se faz com um mínimo de humildade.
A demora na aprovação final da Reforma da Previdência acabou sendo mais um fator de desgaste do Parlamento, apesar dos esforços dos presidentes nas duas casas. Este tipo de demonstração de força dos parlamentares é triste, pois não considera o interesse nacional, o sofrimento dos desempregados, em favor de irritar o governo.
Temos de ter paciência e o governo, coragem e humildade.
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