A pauta estéril e insensível
O Brasil continua envolvido numa pauta estéril, elitista e insensível ao sofrimento de parcela significativa da população. O que se tem discutido é secundário diante do drama vivido por 14 milhões de desempregados, pela carência de mão de obra habilitada à retomada do crescimento (quando e se ocorrer), ao precário atendimento médico e aos gargalos […]
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O Brasil continua envolvido numa pauta estéril, elitista e insensível ao sofrimento de parcela significativa da população. O que se tem discutido é secundário diante do drama vivido por 14 milhões de desempregados, pela carência de mão de obra habilitada à retomada do crescimento (quando e se ocorrer), ao precário atendimento médico e aos gargalos na infraestrutura.
A pauta é resolver a crise na economia e modernizar o Brasil, para competir neste mundo globalizado, onde o protecionismo – ou paternalismo – não tem vez. O sábio Negrão de Lima, nos anos 1960, já dizia que o esporte nacional era a “fofoca”, que segurava o progresso econômico e social do Brasil. E ele atribuía o sucesso do Governo Médici, com altas taxas de crescimento, a um lado positivo do AI-5, que inibia o debate estéril e ao próprio comportamento austero do presidente e de sua equipe de notáveis. Convém lembrar que Médici teve ministros como Delfim Netto, Mário Andreazza, Jarbas Passarinho, Mário Gibson Barbosa, Orlando Geisel, Leitão de Abreu e Costa Cavalcanti, entre outros ilustres. E o Brasil viveu o milagre econômico, com crescimento a 10% ao ano. Uma pena ter avaliado de maneira equivocada sua sucessão, quase que anulando seus grandes feitos.
Uma país com forte formação cristã deveria ser mais atento a cobrar um compromisso de quem faz vida pública – com mandato, sem mandato, no governo e na oposição, na vida cultural –, acima de ideologias e partidos, pelo bem do Brasil. Afinal, é o caso de se perguntar: as reformas são de interesse do governo ou da sociedade em geral?
Já estamos com mais de seis meses de governo e ainda se discute muito o óbvio ululante, para ficarmos na expressão de Nelson Rodrigues. No entanto, quem tem um mínimo de sensibilidade e informação sabe que esta é a última oportunidade de subirmos de patamar neste mundo que assiste a um momento de velocidade na tecnologia, que vai determinar a qualidade de vida dos povos. Perder tempo agora é nos condenar a um futuro de um país grande, populoso, pobre e sem forças para se recuperar.
A inesperada eleição de Bolsonaro, com seu programa claro e alinhado com o progresso, foi um bilhete sorteado. Ou a confirmação de que Deus é brasileiro.
Aristóteles Drummond
Escritor e Articulista
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