Promotoria francesa pede 20 anos de prisão para marido que drogou e estuprou esposa por uma década

Atos de Dominique Pelicot foram classificados pelo órgão como ‘abjetos’

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Pélicot decidiu expor-se em nome de uma causa (foto: Christophe Simon/AFP)

O Ministério Público da França solicitou nesta segunda-feira (25) a pena máxima de 20 anos de prisão para Dominique Pelicot, acusado de drogar e estuprar sua ex-esposa, Gisèle Pelicot, ao longo de dez anos. Os atos, cometidos com a participação de dezenas de homens, foram classificados pelos promotores como “abjetos”.

“Vinte anos é, ao mesmo tempo, muito e muito pouco, considerando a gravidade e a repetição dos crimes”, declarou a promotora Laure Chabaud durante o julgamento em Avignon, no sul da França. O caso, que tem grande repercussão midiática, está em sua fase final, com as penas sendo solicitadas para os 51 acusados, um deles julgado à revelia.

Para o promotor Jean-François Mayet, o processo ultrapassa a questão da condenação individual: “Este julgamento está redefinindo as relações entre homens e mulheres, questionando profundamente nossa sociedade sobre as interações mais íntimas entre as pessoas”. O julgamento, que já dura 11 semanas, coincide simbolicamente com o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher.

Gisèle Pelicot, agora com 71 anos, tornou-se um ícone feminista. Ela esteve presente no tribunal nesta segunda-feira, visivelmente emocionada. Desde o início, a vítima recusou a possibilidade de portas fechadas no julgamento, defendendo que “a vergonha deveria mudar de lado”. A decisão permitiu a ampla cobertura da imprensa, com 138 veículos credenciados, incluindo 57 internacionais.

Dominique Pelicot, de 71 anos, foi casado com Gisèle por quase 50 anos e é pai de seus três filhos. Ele admitiu ter drogado sua esposa repetidamente, utilizando medicamentos para mantê-la inconsciente enquanto a estuprava com vários homens, entre 2011 e 2020. Ele tentou, ao longo do julgamento, minar a defesa dos demais réus, alguns dos quais alegaram desconhecimento do crime, acreditando participar de atividades consensuais de um casal “libertino”.

Além de Pelicot, os outros acusados, com idades entre 26 e 74 anos, também podem enfrentar penas de até 20 anos de prisão por estupro com agravante. As alegações finais das defesas estão previstas para serem apresentadas até 13 de dezembro, antes do veredicto, marcado para 20 de dezembro.

De acordo com apuração da UOL, o caso esteve presente em manifestações no último final de semana na França, onde milhares de pessoas exigiram medidas mais rigorosas contra a violência de gênero. A coragem de Gisèle Pelicot foi amplamente elogiada, inclusive pela presidente da Câmara dos Deputados, Karol Cariola, que, diante do presidente Emmanuel Macron, ressaltou o impacto global do caso e a “lição de dignidade” dada por uma cidadã comum.

*Com UOL

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