Putin dá prazo e EUA prometem responder a exigências em alguns dias

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse ao chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, que responderá na semana que vem às exigências feitas pelo Kremlin para evitar uma guerra

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Vladimir Vladimirovitch Putin
Vladimir Vladimirovitch Putin

Diplomatas russos e americanos correm contra o tempo para evitar um conflito na Ucrânia. No entanto, conciliar os interesses de Moscou e Washington parece cada vez mais difícil. Nesta sexta-feira, 21, o máximo que os dois conseguiram foi concordar que o diálogo deve continuar. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse ao chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, que responderá na semana que vem às exigências feitas pelo Kremlin para evitar uma guerra.

O problema é que a lista de desejos de Vladimir Putin, é longa. Ontem, o presidente russo esticou um pouco mais a corda e exigiu que a Otan retire todas suas forças de Bulgária, Romênia e de outros países da antiga esfera de influência soviética da Europa Oriental que aderiram à aliança após 1997 – um pedido impossível de atender.

“As exigências da Rússia criariam membros da Otan de primeira e segunda classe e não podemos aceitar isso”, disse Oana Lungescu, porta-voz da aliança. O primeiro-ministro búlgaro, Kiril Petkov, disse que a Bulgária decide sozinha o que fazer. “Somos um país soberano. Como tal, apenas nós decidimos questões de defesa, em coordenação com nossos parceiros da Otan.”

Negociações

Blinken e Lavrov trocaram amabilidades após a reunião de ontem e garantiram que Putin e o presidente americano, Joe Biden, estão prontos para um encontro. No entanto, o único avanço teria sido uma possível reunião entre Lavrov e Blinken, no início de fevereiro, depois que os americanos enviarem aos russos as respostas por escrito.

Americanos e europeus temem que Putin esteja mais perto do que nunca de uma nova invasão da Ucrânia, depois de mobilizar mais de 100 mil soldados na fronteira e de enviar tropas para a vizinha Belarus, que poderia abrir uma segunda frente de invasão Em 2014, a Rússia anexou a península ucraniana da Crimeia e, desde então, patrocina uma guerra separatista na região de Donbas, no leste da Ucrânia.

Ontem, Lavrov rejeitou qualquer hipótese de invasão russa, dizendo que tudo não passa de “histeria” do Ocidente. O chanceler acusou os EUA e a Europa de “sabotarem” um acordo de paz para acabar com a guerra civil na região de Donbas.

Os EUA têm usado todas as ferramentas diplomáticas para tentar dissuadir Putin, incluindo ameaças de sanções econômicas, que incluiriam a exclusão da Rússia do Swift, mecanismo global de pagamentos, o que isolaria o sistema bancário do país.

A pressão também é de caráter militar. Ontem, após autorização do Departamento de Estado dos EUA, os governos de Estônia, Letônia e Lituânia confirmaram o envio para a Ucrânia de mísseis antiaéreos e antitanque de fabricação americana. Os EUA também aprovaram um pacote de US$ 200 milhões para auxiliar a defesa do país contra um ataque russo.

Seria muito difícil conter uma invasão russa, mas os ucranianos têm capacidade de fazer algum estrago, desgastando a imagem de Putin entre os russos, que não apoiam uma guerra contra o país vizinho – segundo várias pesquisas recentes. Além disso, o apoio da elite econômica ao Kremlin poderia ser questionado em caso de novas sanções financeiras.

Exigências

Além da retirada de tropas da Otan de países que faziam parte da esfera de influência soviética, a Rússia também exige uma garantia de suspensão de qualquer forma de expansão da aliança militar na direção de suas fronteiras. Americanos e europeus disseram que as exigências são inaceitáveis, porque reescreveriam a ordem de segurança da Europa no pós-Guerra Fria. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)