Oposição paraguaia pede impeachment de presidente por má gestão na pandemia

Os legisladores da oposição no Paraguai apresentaram nesta quarta-feira, 17, acusações de impeachment contra o presidente Mario Abdo Benítez e o vice Hugo Velázquez pela forma como eles têm lidado com a pandemia de coronavírus no país sul-americano. A Comissão de Assuntos Constitucionais deve receber as acusações de impeachment ainda hoje ou na quinta-feira, disse […]

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Os legisladores da oposição no Paraguai apresentaram nesta quarta-feira, 17, acusações de impeachment contra o presidente Mario Abdo Benítez e o vice Hugo Velázquez pela forma como eles têm lidado com a pandemia de coronavírus no país sul-americano.

A Comissão de Assuntos Constitucionais deve receber as acusações de impeachment ainda hoje ou na quinta-feira, disse Celeste Amarilla, deputada do Partido Liberal Radical Autêntico, após apresentar os documentos, no saguão de entrada da Câmara, onde o governista Partido Colorado tem maioria. O partido imediatamente convocou uma sessão extraordinária para debater as acusações com a intenção de arquivá-las, segundo analistas.

A iniciativa dos opositores, que conta com apoio da Frente Guasu, a maior força de esquerda, começou a ser elaborada após o primeiro grande protesto popular em Assunção, quando foi exigida a renúncia de Abdo Benítez.

O Partido Liberal, no entanto, conta com 25 cadeiras na Câmara, onde são necessários 53 votos para que o processo seja julgado no Senado, em que são necessários dois terços dos 45 votos dos membros da casa legislativa, para que o presidente seja afastado

Atualmente, entre os senadores, há 37 opositores que votarão pelo impeachment, o que tornaria necessária a adesão de, pelo menos, 16 deputados do Partido Colorado.

A iniciativa teria como principal mediador o grupo governista que é maioria na Câmara dos Deputados, que tem como líder o ex-presidente do país Horacio Cartes. O mandatário entre 2013 e 2018 já mostrou apoio à ala do Partido Colorado.

Amarilla afirmou que os documentos de acusação incluem uma relação de erros nos pagamentos ao mecanismo Covax, realizados em outubro do ano passado, no total de US$ 6,8 milhões (R$ 38,4 milhões), referente à parte da aquisição de 4,3 milhões de doses de vacina contra o novo coronavírus do programa da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo a imprensa paraguaia veiculou ontem, é apontado no dossiê que o primeiro dos pagamentos foi fechado de forma equivocada em uma transferência à Aliança Mundial para Vacinas e Imunização (GAVI).

O Ministério da Saúde respondeu em seguida que apenas um dos valores foi para a Gavi, como havia sido determinado no contrato de pagamento e que o valor foi devolvido quando mudanças no processo administrativo do mecanismo Covax foram feitas posteriormente.

Atualmente, o Paraguai conta com 27 mil doses de vacina, a maioria doadas pelo Chile, que foram destinadas aos trabalhadores do setor da saúde. Ontem, Abdo Benítez afirmou que, na sexta-feira, chegará uma nova remessa através da Covax, de 36 mil doses.

Os opositores, liderados por Efrain Alegre, líder do partido Liberal e adversário de Abdo nas eleições presidenciais de 2018, anunciaram que vão buscar a saída do governante por meio de pressão popular. Centenas de pessoas participaram na semana passada de protestos contra o governo paraguaio. No entanto, os altos níveis de contágio esvaziaram os últimos atos.

Desde o início da pandemia, foram registrados 183.348 casos de infecção pelo novo coronavírus no território paraguaio, e 3.554 mortes por Covid-19.

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