Colombiana sem doença terminal tem eutanásia autorizada

Desde julho de 2021, pessoas que não estejam em situação irreversível podem realizar procedimento após autorização da Corte

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Martha tem esclerose lateral amiotrófica
Martha tem esclerose lateral amiotrófica

A colombiana Martha Liria Sepúlveda, de 51 anos, teve a eutanásia autorizada mesmo sem portar doença terminal. A mulher é a primeira pessoa nessa circunstância no país. Sua morte está marcada para este domingo (10), às 7h (horário local da Colômbia).

Desde 1977, a morte assistida é legalizada na Colômbia para doentes terminais, aqueles que estão em situação irreversível. Contudo, em julho deste ano, a Corte Institucional aprovou, por 6 votos a 3, a medida para pessoas que não se encaixem nessa categoria, mas que padeça de um “intenso sofrimento físico ou psíquico, proveniente de lesão corporal ou doença grave e sem cura”.

É o caso de Martha, que tem esclerose lateral amiotrófica. Pouco tempo depois da mudança constitucional, a mulher entrou com requerimento, que foi aprovado. Em entrevista à uma televisão local, chamada Caracol, Martha afirmou que sente dores constantes e perdeu o movimento das pernas.

A morte foi marcada para o dia 10 de outubro, às 7h, horário especialmente escolhido, pois era o momento em que ela costumava ir à missa.

“Sou uma pessoa católica, me considero alguém que crê muito em Deus, mas, repito, Deus não quer me ver sofrer e acredito que não quer ver ninguém sofrer. Nenhum pai quer ver seus filhos sofrerem”, disse a mulher. “Para mim, a morte é um descanso”, completa.

O filho de Martha, de 22 anos, disse que respeita a decisão da mãe, apesar de desejar ter mais tempo com ela.

Por outro lado, integrantes da igreja que a colombiana frequentava pediram que ela reconsiderasse a decisão. Em vídeo divulgado em redes sociais, o bispo Francisco Ceballos, de Riohacha, afirma que “a morte não pode ser a resposta terapêutica à dor e ao sofrimento em nenhum caso”.

Ele ainda completa que ela não está sozinha. “Quero dizer à minha irmã Martha que ela não está sozinha e que o Deus da vida sempre nos acompanha, e que sua tribulação pode encontrar um sentido transcendental, uma chamada ao amor que se renova”, disse o bispo.

Conteúdos relacionados