As autoridades chinesas prenderam nesta segunda-feira, 6, um importante professor de Direito de 57 anos que publicou ensaios e textos críticos ao presidente Xi Jinping sobre sua gestão da pandemia do novo coronavírus e seus esforços autoritários para consolidar o poder.

O jurista Xu Zhangrun, um dos escassos críticos públicos do governo chinês, foi levado de sua casa, na periferia de , por mais de 20 pessoas, relatou um de seus amigos, que pediu para não ser identificado. Em fevereiro, o professor publicou um ensaio criticando a cultura de engano e a censura de Xi, após o surgimento do coronavírus na , que teve ampla repercussão em grupos de discussão e entre chineses no exterior.

O professor de Direito da de Tsinghua, uma das mais importantes instituições acadêmicas do país, já tinha criticado em 2018 a abolição do limite nos mandatos presidenciais. O texto também teve ampla circulação na internet.

O amigo do professor contou que uma pessoa que dizia ser um policial telefonou para a esposa de Xu para lhe informar que ele havia sido detido por, supostamente, solicitar o serviço de na cidade de Chengdu, ao sudoeste do país. Xu visitou Chengdu no inverno passado com vários colegas. O amigo de Xu respondeu que as acusações contra o professor são “ridículas”.

“As pessoas em todo o país, incluindo toda a elite burocrática, sentem-se mais uma vez perdidas pela incerteza sobre a direção do país e sua própria segurança pessoal”, escreveu o professor em fevereiro. “A epidemia do coronavírus revelou o coração podre do governo da China. A vida política da nação está em estado de colapso e o centro ético do sistema se tornou um vácuo”.

O professor Xu continuou escrevendo, apesar das advertências de funcionários da universidade e de colegas. Sua detenção é o exemplo mais recente da ampla campanha do governo chinês para conter a dissidência. Na semana passada, Pequim impôs uma ampla lei de segurança nacional para reforçar seu controle sobre . O caso do professor Xu amplia temores em Hong Kong de que críticos intelectuais do Partido Comunista Chinês no território semiautônomo também possam ser presos.

Depois de resistir a uma onda de indignação pública ao lidar com o surto de Wuhan, o partido prendeu blogueiros freelancers que trabalhavam em Wuhan e buscou vingança de críticos renomados, incluindo o bilionário Ren Zhiqiang, de Pequim, sob investigação desde abril.

Ren, um magnata do setor imobiliário, e Xu, um jurista importante, adotam estilos diferentes, mas emitiram o mesmo aviso sobre as restrições mais rígidas à fala e ao pensamento na China, a concentração de poder nas mãos de Xi e o perigo de uma burocracia que praticamente proíbe más . (Com agências internacionais).