Trump demite procuradora-geral interina por desafiar decreto contra muçulmanos

Yates enviou uma carta a sua equipe com sérias dúvidas sobre a legalidade e a moralidade do decreto

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Yates enviou uma carta a sua equipe com sérias dúvidas sobre a legalidade e a moralidade do decreto

O presidente americano, Donald Trump, demitiu na noite de segunda-feira a procuradora-geral interina, Sally Yates, depois de ela declarar que o Departamento de Justiça não defenderia a decisão de proibir a entrada nos Estados Unidos de refugiados e de pessoas procedentes de sete países muçulmanos.

Na sequência, Trump também anunciou a demissão do chefe interino do setor de Migração e Aduanas, Daniel Ragsdale.

Yates havia provocado uma verdadeira crise institucional ao enviar uma carta a sua equipe com sérias dúvidas sobre a legalidade e a moralidade do decreto assinado por Trump na sexta-feira.

“No momento, não estou convencida de que a defesa do decreto seja consistente com essas responsabilidades, nem de que a ordem executiva seja legal”, escreveu Yates aos subordinados.

Yates estava à frente do Departamento de Justiça desde a renúncia de Loretta Lynch e deveria permanecer no cargo até a confirmação pelo Senado de Jeff Sessions como o titular da pasta.

Em uma nota oficial de tom agressivo, a Casa Branca afirma que “a procuradora-geral interina, Sally Yates, traiu o Departamento de Justiça ao se recusar a garantir a aplicação da ordem legal designada para proteger cidadãos dos Estados Unidos”,

“O presidente Trump substituiu Yates de suas funções e designou Dana Boente, procuradora do distrito leste da Virgínia, para servir como procuradora-geral interina até que o senador Jeff Sessions seja confirmado (no cargo) pelo Senado”.

A designação de Sessions, que defende a aplicação da linha dura contra os imigrantes ilegais, será abordada nesta terça-feira na Comissão de Justiça do Senado, antes de seguir para o plenário.

Boente prometeu defender o decreto de Trump, que considera “legal tanto na forma como no conteúdo”.

Ele rescindiu as diretrizes de Yates e instruiu os subordinados “a cumprir com nossa obrigação e defender o decreto legal de nosso presidente”.

O governo também anunciou a designação de Thomas Homan para a Agência de Migração e Aduanas no lugar de Ragsdale.

Os motivos da substituição de Ragsdale, também herdado do governo de Barack Obama, não foram revelados.

Homan ajudará a “assegurar a aplicação de nossas leis de imigração dentro dos Estados Unidos, em consonância com o interesse nacional”, afirmou o secretário de Segurança Interna, John Kelly, em um comunicado.

As demissões representam o capítulo mais recente da polêmica de alcance global provocada pelo decreto promulgado por Trump na sexta-feira.

Na segunda-feira, Trump tentou retomar a iniciativa e, fiel a seus estilo, no Twitter.

Trump escreveu que Kelly “disse que tudo está bem e com muito poucos problemas. Vamos fazer os ESTADOS UNIDOS SEGUROS DE NOVO!”.

Foto: Jim Watson/AFP

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