Homeopatia nos EUA terá que colocar avisos de que não funciona

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A homeopatia, uma pseudomedicina sem base científica, recebeu nos últimos dias duras críticas na Espanha e nos EUA. A Comissão Federal de Comércio norte-americana denunciou que “a grande maioria” das indicações que vendem os produtos homeopáticos “não estão baseadas em métodos científicos modernos e não são aceitas por especialistas médicos atuais”.

De agora em diante, esses preparados homeopáticos sem provas de sua eficácia terão que informar aos consumidores de que “não há nenhuma evidência científica de que o produto funciona e que as alegadas indicações baseiam-se apenas em teorias da homeopatia do século XVIII que não são aceitas pela maioria dos especialistas médicos atuais”.

A Comissão Federal de Comércio é a agência nacional de proteção do consumidor nos EUA. Sua função é a “prevenção das práticas comerciais fraudulentas, enganosas e desleais no mercado”. Ao redor da homeopatia, inventada pelo médico alemão Samuel Hahnemann em 1796, foi construída uma indústria que nos EUA atinge vendas de 1,2 bilhão de dólares (4 bilhões de reais), de acordo com a revista Nutrition Business Journal.

A agência do governo dos EUA lembra que a homeopatia baseia-se em doses ínfimas, por vezes não detectáveis em água diluída, de substâncias que geram sintomas semelhantes aos da doença que se pretende curar. Em mais de dois séculos, esse método não provou ser mais eficaz do que tomar um gole de água com açúcar. A Food and Drug Administration (FDA, pela sigla em inglês) também está revisando sua política sobre os produtos homeopáticos, como foi confirmado por sua porta-voz Theresa Eisenman. Desde 1988, esses preparados são fabricados e distribuídos sem exame prévio da FDA, o que é necessário para os remédios de verdade.

Na Espanha, apesar de tudo, a multinacional homeopática francesa Boiron faturou 60 milhões de euros em 2011 (215 milhões de reais). Três das principais sociedades farmacêuticas espanholas responderam agora a um pedido do grupo FarmaCiencia, composto por farmacêuticos a favor da evidência científica, para se posicionarem contra a homeopatia.

A Sociedade Espanhola de Farmácia Familiar e Comunitária (SEFAC), composta por 3.700 associados de acordo com seus números, sublinhou que “hoje não existem evidências científicas suficientes para provar a suposta eficácia da medicina homeopática”.

A organização lembra que na Espanha, desde 1995, uma disposição transitória permite comercializar milhares de produtos homeopáticos “sem uma análise prévia da sua qualidade, segurança e eficácia por parte da Administração”. A SEFAC, como critica em um comunicado divulgado em 22 de novembro, “não concorda que seja autorizado como remédio nenhum produto sem indicações terapêuticas aprovadas, como permite a legislação vigente”.

Um mês antes, a Sociedade Espanhola de Farmácia Hospitalar afirmou que “os princípios que sustentam a homeopatia não são científicos”. Além disso, em um comunicado, a organização, com 3.500 sócios de acordo com seus números, destacou que essa pseudomedicina “pode colocar em risco a saúde dos pacientes se eles se recusarem ou atrasarem tratamentos sobre cuja segurança e eficácia há evidências sólidas”. Na mesma linha, a Sociedade Espanhola de Farmacêuticos de Cuidados Primários, que representa 700 profissionais, considera que “esses produtos não deveriam ter o nome de medicamento”.

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