‘Bandidos sentirão isso em suas próprias carnes’, diz Putin após morte de embaixador

 Iniciou uma investigação

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta segunda-feira (19) que o assassinato do embaixador do país na Turquia tem como objetivo minar as boas relações entre Moscou e Ancara e atrapalhar uma solução pacífica para o conflito na Síria. O tom foi o mesmo usado pelo seu colega turco, Recep Erdogan, que iniciou uma investigação conjunta entre os dois países. 

“O crime é, sem dúvida, uma provocação destinada a pôr fim à normalização das relações russo-turcas e atacar o processo de paz na Síria”, disse Putin ao se reunir com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.
Putin destacou que o processo é apoiado ativamente pela própria Rússia, além de Turquia, Irã e outros países interessados em encontrar uma solução para o conflito sírio. “A resposta ao assassinato do embaixador russo na Turquia será o reforço na luta contra o terrorismo. E os bandidos sentirão isso em suas próprias carnes”, afirmou Putin.

O responsável pelo ataque é um membro da polícia da Turquia e gritou “Allahu Akbar” (“Alá é grande”) em defesa da Síria, de acordo com um fotógrafo da agência de notícias AP que estava presente no local.
Segundo o jornal norte-americano Washington Post, o atirador gritou frases em defesa da Síria. “Não esqueçam de Aleppo! Não esqueçam da Síria! Vocês não ficarão seguros até que nossas cidades tenham segurança. Somente a morte pode me levar daqui. Nós somos aqueles que prometeram fidelidade a Maomé para fazer a jihad (guerra santa)”. 

O presidente da Rússia afirmou que o ataque ao embaixador Andrei Karlov, de 62 anos, foi uma “atitude vil”. Além disso, revelou que acertou com o presidente da Turquia, Erdogan, uma investigação conjunta sobre o incidente no centro de Ancara.

“Devemos descobrir quem está por trás do assassino”, disse Putin, acrescentando que irá reforçar as representações diplomáticas da Rússia na Turquia.

Segundo a agência Reuters, há uma forte suspeita de que o assassino esteja ligado ao clérigo Fethullah Gulen, exilado nos Estados Unidos. O governo turco acusa o clérigo de tentar instaurar o golpe frustrado de julho e de possuir uma rede no país que envolve policiais, judiciário e civis. 
O presidente russo também elogiou Karlov, um “extraordinário diplomata que mantinha boas relações exteriores com as autoridades e outras forças políticas turcas”.
 

Erdogan segue o tom do presidente russo

O presidente turco disse nesta segunda-feira que conversou com o presidente russo, Vladimir Putin, e que ambos concordaram que o assassinato do embaixador da Rússia em Ancara por um homem armado foi um ato de provocação por parte de pessoas interessadas em prejudicar as relações entre os dois países.

Em uma mensagem de vídeo transmitida pela televisão turca, Erdogan disse que as relações Turquia-Rússia são vitais para a região, e que aqueles que buscam danificar os laços não irão atingir seus objetivos.
Os dois países acertaram uma reaproximação diplomática em agosto, após meio ano de tensões provocadas pela derrubada de um avião de guerra russo por um caça turco na fronteira com a Síria.

Para especialistas em relações internacionais ouvidos pelo UOL, a relação entre Turquia e Rússia não deverá ser afetada radicalmente, porque tudo indica que o assassinato foi um ato sem relação com o governo. Contudo, se o assassinato do chanceler russo tivesse acontecido há seis meses, o cenário seria diferente.

Na última sexta-feira, Putin anunciou um acordo com Erdogan para convocar uma rodada de negociações para discutir uma solução política para o conflito na Síria em Astana, no Cazaquistão.
O ataque ocorreu na véspera de um encontro em Moscou entre os ministros das Relações Exteriores e da Defesa da Rússia, Turquia e Irã sobre a guerra civil no território sírio.

Rússia e Irã estão no mesmo lado da Síria, onde apoiam o regime de Bashar al-Assad, tanto política como militarmente, já que os aviões russos e as milícias iranianas participaram ativamente nos combates.
No último domingo (18), houve protestos na Turquia por causa da intervenção russa na guerra civil da Síria. A Turquia é membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e apoia grupos rebeldes.