Sobrevivente relata drama de naufrágio na China

Mais de 450 pessoas estavam em embarcação que afundou no rio Yangtsé

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Mais de 450 pessoas estavam em embarcação que afundou no rio Yangtsé

Um navio com mais de 450 pessoas a bordo afundou no rio Yangtsé, no centro da China, e um dos poucos sobreviventes, Zhang Hui, de 43 anos, relata a noite de pesadelo, fustigado pelas ondas.

O Dongfangzhixing (“Estrela do Oriente”) transportava 458 pessoas, incluindo 406 passageiros chineses – uma grande maioria de pessoas idosas -, e cinco funcionários da Xiehe, uma agência de viagem de Xangai. Por enquanto, apenas 18 foram resgatadas.

Entre eles, Zhang, que supervisionava um grupo de turistas neste cruzeiro que zarpou de Nankin (leste da China) com destino a Chongqing (centro).

Pouco depois, às 21h de segunda-feira (1º), o vento e a chuva se intensificaram sobre a embarcação, enquanto o clarão dos trovões enchiam a escuridão, contou, em um testemunho reproduzido pela agência oficial Xinhua.

“As gostas de chuva martelavam o casco direito do navio, a água começava a entrar em muitos quartos, mesmo com as janelas fechadas”, relatou.

Às 21h20, muitos passageiros idosos precisaram deixar suas cabines inundadas, carregando consigo cobertores encharcados para o salão de recepção.

Poucos minutos depois, enquanto Zhang Hui retorna a seu beliche no segundo andar, o navio “inclina fortemente, em 45°”. E imediatamente, começa a afundar.

De acordo com a agência estatal Xinhua, o testemunho de Zhang não mencionou nenhum aviso oficial ou ordem de evacuação por parte da tripulação aos passageiros.

Segundo a versão do capitão, que também está entre os sobreviventes, o Dongfangzhixing afundou em menos de um minuto.

“Foi impressionante”, lembra Zhang. Ele e um colega tiveram apenas o tempo para vestir coletes salva-vidas e pular da janela mais próxima, mergulhando nas águas turbulentas do Yangtsé.

Zhang Hui diz ter distinguido “por todos os lados uma dúzia de pessoas na superfície, algumas pedindo ajuda e gritando”. Depois de cinco minutos, apenas três ou quatro vozes continuavam a ser ouvidas.

Como a maioria dos chineses, o guia não sabe nadar. Envolto em um colete salva-vidas, ele se deixou flutuar e permaneceu à deriva a maior parte da noite.

“Afogava onda por onda, engoli uma tonelada de água”. Navios passavam sem reparar nos sobreviventes, enquanto as rajadas o aterrorizavam.

“Disse a mim mesmo, preciso aguentar”, revelou Zhang, que assegura ter alcançado a costa apenas nas primeiras horas de terça-feira, por volta das 6h00.

Zhang Hui faz parte do pequeno número de sobreviventes da catástrofe, enquanto que, nesta terça-feira (2), quase 440 pessoas continuavam desaparecidas, neste que pode ser a pior catástrofe fluvial na China em décadas.

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