Polícia mata suspeito após dois ataques e uma morte na Dinamarca
Homem abriu fogo em um café onde era realizado debate sobre blasfêmia
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Homem abriu fogo em um café onde era realizado debate sobre blasfêmia
A polícia da Dinamarca afirmou neste domingo (15) ter matado um suspeito que seria o responsável por dois atentados em Copenhague horas mais cedo.
Após os ataques, agentes das forças de segurança do país começaram a vigiar uma propriedade para a qual acreditava-se que o suspeito voltaria. Ao chegar e ver os policiais, o homem teria começado a disparar – sendo morto na troca de tiros.
No sábado (14), uma pessoa foi morta e três policiais foram feridos quando um homem abriu fogo em um café. No local era realizado um debate sobre blasfêmia e liberdade de expressão.
No segundo ataque, um judeu foi assassinado e dois policiais foram feridos próximo à principal sinagoga da cidade.
A polícia afirmou que imagens gravadas por câmeras de segurança embasam a suspeita de que o mesmo atirador foi o responsável pelos dois ataques. As autoridades do país dizem acreditar que não há mais suspeitos envolvidos.
“Nós acreditamos que o mesmo suspeito está por trás dos dois incidentes, e também assumimos que ele foi morto pela força tarefa da polícia”, disse o chefe de polícia Torben Molgaard Jensen.
O correspondente da BBC em Copenhague, Malcolm Brabant, disse que a cidade está em alerta após os ataques.
Norrebro
O confronto entre o suspeito e as forças policiais ocorreu no distrito Norrebro, a cerca de cinco quilômetros da sinagoga atacada. O bairro é caracterizado por uma grande presença de imigrantes.
Após o primeiro ataque no café, a polícia lançou uma grande operação de buscas para capturar o suspeito. Ele havia fugido do local em um carro preto, que foi logo abandonado.
As autoridades então divulgaram imagens de câmeras de segurança numa tentativa de identificar o atirador. Enquanto isso ocorria, ele realizou o segundo atentado, contra pessoas numa sinagoga. Horas depois o homem foi morto pela polícia.
A premiê da Dinamarca, Helle Thorning-Schmidt, descreveu o primeiro ataque como um ato de terrorismo “politicamente motivado”.
Debate
Entre os participantes do debate onde ocorreu o primeiro ataque estava Lars Vilks, um polêmico cartunista sueco que já foi ameaçado de morte depois de fazer charges do profeta Maomé. Ele não foi ferido durante o ataque.
O embaixador francês, François Zimeray, também participava da reunião. Logo depois do incidente, foi postada uma mensagem no Twitter do embaixador informando que ele está vivo.
Testemunhas
Em uma gravação de áudio feita dentro do local do ataque e obtida pela BBC é possível ouvir muitos tiros interrompendo as discussões. Niels Ivar Larsen testemunhou o ataque e disse à agência de notícias Associated Press: “ouvi alguém disparando com uma arma automática e alguém gritando”.
“A polícia reagiu atirando e eu me escondi atrás do bar”, acrescentou. Segundo Brabant, a área em volta do local do debate foi isolada pela polícia.
Charlie Hebdo
O seminário foi descrito no site pessoal do cartunista Lars Vilks como um debate sobre se deveria existir limite para a expressão artística ou para a liberdade de expressão.
A descrição do evento perguntava se artistas poderiam “ousar” e cometer blasfêmia depois de ataques como o ocorrido contra a revista satírica francesa Charlie Hebdo, que ocorreu no mês passado em Paris.
Dois atiradores invadiram o escritório da Charlie Hebdo e mataram 12 pessoas, incluindo dois policiais. Os irmãos Cherif e Said Kouachi, mortos pela polícia dois dias mais tarde, foram motivados pelas polêmicas charges do profeta Maomé feitas pela revista – quatro cartunistas também morreram.
Lars Vilks já sofreu ameaças e os organizadores do evento deste sábado informaram no site que haveria “segurança rigorosa”, como de costume em todos os eventos em que ele se pronunciava em público.
Uma organizadora do seminário, Helle Merete Brix, disse à BBC que o local estava sendo vigiado por policiais armados e agentes de segurança do serviço secreto da Dinamarca, além dos seguranças do próprio cartunista.
Helle afirmou que considera o incidente como um ataque contra Vilks.
Em 2007 Vilks fez uma charge do profeta Maomé fantasiado de cachorro. Em 2010 dois irmãos tentaram incendiar a casa do cartunista, no sul da Suécia, e foram presos.
Em maio daquele mesmo ano ele foi atacado por manifestantes muçulmanos durante uma palestra sobre liberdade de expressão na Universidade de Uppsala, na Suécia.
E, em março de 2013, Vilks foi colocado na lista dos “mais procurados” pela Al-Qaeda da Península Árabe.
Charges mostrando o profeta Maomé foram publicadas por um jornal da Dinamarca em 2005, o que desencadeou protestos violentos em países muçulmanos.
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