Lauren Wasser, então com 24 anos, perdeu a perna esquerda devido à infecção; ela está processando o fabricante

A modelo Lauren Wasser, de 26 anos, viveu um pesadelo. Ela quase morreu depois de contrair uma doença rara chamada síndrome do choque tóxico (TSS, na sigla em inglês), que pode ser causada por materiais sintéticos usados em absorventes. Depois de perder a perna esquerda em decorrência da intoxicação, a americana agora processa o fabricante do produto e faz campanha pelo banimento desses materiais.

Filha de um casal de modelos, Lauren tinha uma vida invejável aos 24 anos. Linda, alta e loura, ela trabalhava também como modelo, fazia aulas de teatro e praticava esportes. ‘Tudo era baseado na aparência. Eu era aquela garota, e eu nem pensava sobre isso”, disse a californiana ao relatar seu drama à revista “Vice”.

Mas, em outubro de 2012, sua vida mudou quando ela passou numa farmácia da rede Ralph´s para comprar sua marca de absorventes preferida, a Kotex Natural Balance. Lauren conta que, naquele dia, trocou de absorvente três vezes. De manhã, à tarde e à noite. Mas, na festa de um amigo, começou a se sentir muito mal e decidiu ir para casa dormir. Foi encontrada no dia seguinte pela polícia que, levada por um amigo, achou a jovem deitada no chão ardendo em febre.

Lauren foi encaminhada às pressas para o hospital, onde médicos disseram que ela havia sofrido um ataque cardíaco. Seus órgãos estavam à beira da falência e a modelo estava perto da morte. Ninguém sabia dizer o que estava acontecendo, até que um especialista perguntou se a americana estava usando um absorvente. O material foi então enviado ao laboratório, onde exames atestaram a síndrome de choque tóxico.

Esse mal consiste em uma série de complicações causada por infecções frequentemente envolvendo a bactéria Staphylococcus aureus. É uma doença rara, associada ao uso de absorventes desde que algumas mulheres morreram nos anos 80 supostamente devido a substâncias químicas em absorventes da Proctor & Gamble’s.

Segundo um estudo conduzido por médicos da Universidade de Yale, nos EUA, a carboximetilcelulose geleificada nos absorventes proporciona um meio viscoso propício para o desenvolvimento de bactérias. Daí a importância de se trocar o absorvente com frequência, impedindo, assim, a reprodução dessas bactérias.

A síndrome de choque tóxico é rara, afeta 1 a cada 100.000 pessoas, mas tem alto grau de mortalidade.

Lauren sobreviveu, mas ficou traumatizada com a experiência e perdeu metade da perna esquerda, consumida por uma gangrena gerada pela infecção que se espalhou pelo corpo dela. Agora, a californiana processa a Kimberly-Clark Corporation, fabricante dos absorventes que ela usava, e a rede de farmácias alegando que ambas negligenciam a informação sobre os riscos do produto. Ela também faz campanha pela divulgação desses riscos e a retirada dos materiais que propiciam o desenvolvimento das bactérias.

“Todos sabem que o cigarro pode matar. Quando você fuma, a escolha é sua. Seu eu soubesse sobre a SCT, jamais teria usado absorventes”, disse a americana à “Vice”.