Mexicana é perseguida na web por falsa denúncia de HIV
Jovem ficou “famosa” por ter passado Aids a um homem casado para “lhe dar uma lição”
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Jovem ficou “famosa” por ter passado Aids a um homem casado para “lhe dar uma lição”
Durante os últimos três meses, a mexicana Lilia Rodríguez, de 19 anos, recebeu no Facebook mensagens e comentários de pessoas que a insultavam por algo que ela garante que não fez.
Rodríguez ficou conhecida como a mulher que tem Aids e dormiu com um homem casado para “lhe dar uma lição” por ser infiel.
Seu desespero foi tão grande que, no início desse mês, ela decidiu contar sua história em um vídeo: “Meu nome é Lilia Rodríguez… e não tenho Aids”, explica.
O vídeo pede que as pessoas tenham cuidado ao compartilhar informações nas redes sociais, por elas podem destruir a vida das pessoas.
“Umas garotas que estavam bravas comigo criaram um Facebook falso com meu nome e minha foto de perfil criaram uma conversa com um amigo em que diziam que eu teria tido relações com ele e lhe contaminado com Aids”, diz no vídeo, que já tem mais de 257 mil visualizações.
Segundo ela, o desentendimento ocorreu por uma disputa sobre a administração de um grupo no Facebook sobre a cidade de Leon, no Estado de Guanajuato.
Quando a história começou a circular, Rodríguez viu aumentar o número de seguidores em sua conta na rede social. Sua primeira reação foi responder aqueles que enviaram comentários maldosos, mas isso só alimentou o debate. Ela trocou seu nome no perfil do Facebook e achou que a polêmica terminaria ali.
Mas, no início do mês, quando voltou a colocar seu nome verdadeiro, se deu conta de que, além de não desaparecer, a história da mulher que havia contagiado um homem com HIV havia se espalhado até por outros países. “Começaram a chegar mensagens de Porto Rico, Paraguai e da Venezuela”, conta.
Ela tentou denunciar o caso à Promotoria “mas me disseram que era muito difícil provar”. Ela ouviu que o caso era uma disputa entre particulares e não conseguiu fazer a denúncia.
Lenda urbana
Stephany Capetillo é advogada e blogueira. Quando soube da história de Rodríguez, quis ajudá-la.
Capetillo tem uma aluna que sofreu uma agressão parecida e, há um ano e meio, sofre de depressão, “não tem trabalho porque, nas entrevistas, as pessoas veem a história que aparece nas redes sociais”.
A advogada, que trabalha no Tribunal de Apelações de Yucatán, explica que o problema que Rodriguez tem agora é que, no México, para que haja um processo, a Promotoria tem que aceitar a denúncia. “E, como não aceitaram, por se tratar de uma conta falsa que já foi eliminada, não há um processo e portanto não pode ser investigado”.
A história de Rodríguez emula a lenda urbana que começou nos anos 80 que fala de uma mulher que dorme com homens e no dia seguinte escreve dizendo “bem-vindo ao clube da Aids”.
“Não sei onde vai acabar”
Lilia diz que, depois de publicar o vídeo, muitos pediram desculpas e apagaram o post inicial onde ela aparece.
No entanto, a história segue circulando, e Rodríguez disse se sentir nervosa. “Não sei onde isso vai acabar.”
“Ainda me mostro forte, mas não é fácil. Não posso sair na rua porque começam a me dizer uma série de coisas”, conta. “E ainda que eu tenha dito que não tenho Aids, muitos me desprezam e me olham feio porque acreditam que dormi com um homem casado.”
Rodríguez fez até teste para mostrar que não tem HIV. Várias vezes, conta, pensou em tornar públicos os resultados, mas a advogada a aconselhou a não fazer isso.
Essa é a versão da história de Rodríguez. A BBC Mundo não conseguiu contato com o homem que participou da suposta vingança e cujo nome aparece no chat que se tornou viral.
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