Kirchner  poderá ser intimada a prestar depoimento

Membros do governo argentino minimizaram a acusação penal contra a presidente Cristina Kirchner de acobertar ex-governantes iranianos suspeitos de autoria no atentado antissemita de 1994, que deve se pronunciar na noite deste sábado durante um ato público na Patagônia. 

“É uma verdadeira loucura”, disse o ministro do Interior e Transporte, Florencio Randazzo, um dos aspirantes presidenciais para as eleições de outubro sobre a acusação apresentada na sexta-feira que avaliza a denúncia do promotor Alberto Nisman, morto há quase um mês em circunstâncias misteriosas. 

O secretário-geral da presidência da república, Aníbal Fernández, destacou que o parecer do promotor Gerardo Pollicita – feito com base na denúncia do colega morto – não há pedido para citar a presidente. “Não podem sustentar nada, por isso intimaram a presidente a prestar depoimento”, garantiu. 

Kirchner, de 61 anos, poderá ser intimada a prestar depoimento, presencial ou por escrito, se o juiz que conduz o caso, Daniel Rafecas, assim decidir. A presidente recebeu a notícia enquanto de deslocava de Buenos Aires pata a cidade turística de El Calafate, na província de Santa Cruz (sul), onde participa de um ato público na noite deste sábado.

Kirchner antecipou o tom de sua resposta em sua página do Facebook onde reproduziu neste sábado um discurso pronunciado na Casa de Governo na última quarta-feira. “O ódio, a infâmia, a calúnia, deixamos para eles”, disse. Kirchner deve permanecer em El Calafate durante todo o feriado de carnaval, e participará de alguns compromissos oficiais. 

A imprensa local especula que a presidente ficará na cidade para celebrar o aniversário de seu filho mais velho, Máximo, e o dela, que completa 62 anos na próxima quinta-feira. A viagem de Kirchner coincide com a realização de uma marcha silenciosa em Buenos Aires, convocada por procuradores e apoiada pela oposição na próxima quarta-feira – quando completa um mês da morte de Nisman. 

No dia 14 de janeiro, Nisman acusou Kirchner de acobertar os iranianos. No dia 18 de janeiro, ele apareceu morto em seu apartamento com um tiro na cabeça e tendo na mão direita uma arma emprestada por seu colaborador. Um dia depois, ele iria explicar diante de comissões do Congresso por que acusava a presidente.

Nisman investigava o atentado contra a AMIA, ocorrido em julho de 1994, quando indivíduos não identificados atacaram com explosivos a mutual judaica-, deixando um total de 85 mortos e 300 feridos, tornando-se o atentado mais grave na história argentina, ainda impune 20 anos depois.