Funeral ‘exótico’ de mafioso é investigado em Roma

Casamonica foi enterrado ao som do ‘Poderoso Chefão’

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Casamonica foi enterrado ao som do ‘Poderoso Chefão’

O funeral com pompa e ostentação de Vittorio Casamonica, um dos maiores chefes mafiosos de Roma, ocorrido ontem (20), está sendo investigado pelas autoridades e está gerando uma intensa discussão política na capital italiana.

O ministro do Interior, Angelino Alfano, pediu para o prefeito Franco Gabrielli passar todas as informações disponíveis sobre o caso. O líder da pasta quer saber “com extremo rigor” quem organizou toda a operação e quem concedeu as autorizações de tráfego. Para o funeral, que teve uma orquestra com o tema do filme “O Poderoso Chefão”, foram utilizados 12 carros SUV, uma limusine e uma carroça preta e dourada guiada por seis cavalos. Além disso, um helicóptero particular sobrevoou a igreja Dom Bosco e jogou pétalas de flores na saída da cerimônia.

“Certamente, se poderia e deveria evitá-lo. Se não foi impedido é porque Roma ainda não tem os anticorpos necessários para compreender e prevenir coisas desse tipo. A existência da máfia, por exemplo, era negada até pouquíssimo tempo atrás”, disse o responsável pela pasta de Direito e Transparência da prefeitura romana, Alfonso Sabella.

Diversos partidos também entraram com pedidos no Ministério do Interior questionando todo o set cinematográfico que foi utilizado para fazer a cerimônia.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Enac, na sigla em italiano) anunciou que aplicou uma suspensão preventiva ao piloto do helicóptero que jogou as flores no féretro. Segundo uma nota, “nenhuma autorização foi dada, da parte da Enac, para um voo ou sobrevoo pela cidade de Roma” naquele momento.

Centenas de pessoas acompanharam o funeral do homem de 65 anos, conhecido por comandar um clã homônimo considerado o “mais potente” da região, com um patrimônio milionário. O grupo é acusado de atuar no sistema político, através de fraudes e corrupção com o dinheiro público, além de ser o responsável pelo tráfico de drogas da região.

– Igreja Além da esfera política, o caso está causando muita polêmica também na questão religiosa. Ao ser questionado pela emissora “Sky Tg24”, o pároco da Dom Bosco, dom Giancarlo Manieri, afirmou que faria a cerimônia novamente. “Eu atuo como padre e não posso bloquear um funeral. A Igreja pode dizer não a um funeral? Esse é um problema. A excomunhão do Papa aos mafiosos? Isso é preciso pedir acima, não pra mim”, disse o religioso.

Dom Manieri se referia à exclusão da Igreja Católica proferida por Francisco para todos que atuam na máfia. Constantemente, o Pontífice faz duras críticas às organizações e sobre as “ressalvas” que algumas paróquias fazem aos grupos. O Vicariato romano também manifestou seu “constrangimento” com a situação, mas disse que o pároco, em sua função, não poderia negar o funeral.

O religioso Don Luigi Ciotti, que administra uma organização católica que combate à máfia, afirmou que a situação causa preocupação. “Depois da excomunhão do papa Francisco, é dever da Igreja denunciar e rebater que não pode haver compatibilidade entre a violência mafiosa e o Evangelho”, destacou.

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