Ele criticou a lógica do descarte imposta ao mundo e abordou a situação do povo local

Na homilia que o papa Francisco fez nesta quinta-feira (9) durante uma grande missa na Praça do Cristo Redentor, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, ele criticou a lógica do descarte imposta ao mundo e abordou a situação do povo local.

“Perante muitas situações de fome no mundo, podemos dizer: ‘os números não batem certo’; ‘não podemos resolver a conta’; ‘é impossível enfrentar estas situações’. Então o desespero acaba por apoderar-se do coração. Num coração desesperado, é muito fácil ganhar espaço a lógica que pretende impor-se no mundo de hoje. Uma lógica que procura transformar tudo em objeto de troca, de consumo: vê tudo negociável. Uma lógica que pretende deixar espaço para muito poucos, descartando todos aqueles que não ‘produzem’, que não são considerados aptos ou dignos porque, aparentemente, ‘os números não batem certo’”, lamentou perante de milhares de fiéis que lotavam o lugar.

Ao refletir sobre a leitura de hoje sobre o milagre dos pães e peixes, Francisco lembrou que Jesus convidou os discípulos a dar de comer aos que tinham fome.

“É um convite que hoje ressoa fortemente para nós: ‘Não é necessário mandar ninguém embora, basta de descartes; dai-lhes vós mesmos de comer’”, clamou.

Durante a homilia, ele também pediu pela valorização do bem e da vida.

“Toma. O ponto de partida é tomar muito a sério a vida dos seus. Fixa-os nos olhos e, nestes, conhece a sua vida, os seus sentimentos. Vê, naquele olhar, o que pulsa e o que deixou de pulsar na memória e no coração do seu povo. Considera-o e valoriza-o. Valoriza todo o bem que possam oferecer, todo o bem a partir do qual se possa construir”, disse.

Francisco reiterou que a riqueza de uma sociedade se mede através dos idosos que transmitem sabedoria e memória de seu povo aos mais jovens e não deixou de falar do papel das mães na sociedade.

“Nestes dias, pude ver muitas mães que carregavam seus filhos nas costas, como, aliás, muitas de vós fazem aqui. Carregando sobre si a vida, o futuro do seu povo. Carregando os motivos da sua alegria, as suas esperanças. Carregando a bênção da terra nos frutos. Carregando o trabalho feito com as suas mãos”, descreveu.