Comissão se planeja para receber 160 mil refugiados na UE
O objetivo é ajudar Itália e Grécia, e agora a Hungria, países afetados pela chegada maciça de migrantes
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O objetivo é ajudar Itália e Grécia, e agora a Hungria, países afetados pela chegada maciça de migrantes
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, pediu nesta quarta-feira aos Estados da UE que recebam 160.000 refugiados e adotem ações “corajosas” para responder à mais grave crise migratória em décadas na Europa.
“Os números são impressionantes”, afirmou Juncker em um discurso na Eurocâmara em Estrasburgo (leste da França), recordando que quase 500.000 refugiados chegaram a países da UE desde o início do ano.
“É o momento de ações corajosas e determinadas para a UE”, disse, antes de pedir que o bloco receba 120.000 refugiados além dos 40.000 já solicitados pela Comissão aos países há alguns meses.
O objetivo é ajudar Itália e Grécia, e agora a Hungria, países afetados pela chegada maciça de migrantes, para que possam examinar os pedidos de asilo e recebê-los em seus territórios.
Juncker pediu que depois da distribuição dos 160.000 solicitantes de asilo, a UE instaure “um mecanismo permanente” para que o bloco possa enfrentar um eventual novo fluxo migratório de maneira mais rápida.
A chanceler alemã, Angela Merkel, que anunciou que seu país está comprometido a receber meio milhão de migrantes por ano, voltou a pedir uma distribuição “obrigatória” na UE, medida que conta com a oposição de vários países do leste do bloco.
Merkel considera que a proposta de Juncker, pela qual a Alemanha oferecerá mais de 31.000 vagas para os demandantes de asilo, constitui “um primeiro passo para uma divisão equitativa”.
Já o primeiro-ministro britânico, David Cameron, reiterou nesta quarta-feira que não aceita as cotas de refugiados. Ele se comprometeu na segunda-feira a receber 20.000 refugiados em cinco anos, mas não os que já estão na Europa, e sim os que vivem em campos na Turquia, Jordânia e Líbano.
Na nova proposta da Comissão, Alemanha, França e Espanha são os países com maiores cotas de refugiados.
Em reação à proposta, o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, não citou números, mas afirmou que ficou “reconfortado” ao escutar Juncker, que propôs um fundo fiduciário para os refugiados de 1,8 bilhão de euros.
Critérios religiosos
Juncker fez um apelo à União Europeia para que não estabeleça diferença entre os refugiados de acordo com a religião.
“Não há religião, crença, filosofia quando se trata de refugiados”, disse.
Na semana passada, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, disse que a chegada de migrantes ameaça as “raízes cristãs” da Europa.
Na França, que recebeu nesta quarta-feira o primeiro contingente de 1.000 exilados que estavam na Alemanha, alguns deputados defenderam que o país receba apenas refugiados cristãos.
Na fronteira entre Sérvia e Hungria, mais determinados do que nunca, centenas de migrantes forçaram em várias ocasiões uma barreira da polícia húngara.
“Não queremos viver mais em acampamentos na Hungria ou em outro lugar, as condições são horríveis, faz muito frio, tudo está sujo, cheira mal”, disse uma jovem síria, nascida em Damasco, que tentava ao lado de outros migrantes forçar a passagem perto da cidade húngara de Roszke, na fronteira com a Sérvia e a 170 km de Budapeste.
Diante dos policiais húngaros, vários migrantes gritavam “Germany, Germany”, o país que virou a “terra prometida”.
A região de Roszke, um dos principais pontos de entrada dos migrantes na Hungria, registrou na terça-feira a chegada de 2.529 novos refugiados, segundo a polícia húngara.
Na Áustria, a polícia informou que nas últimas 24 horas 6.000 migrantes chegaram à estação de trens Westbahnhof de Viena, procedentes da Hungria. Quase todos pretendem seguir viagem até a Alemanha.
Na ilha de Lesbos, no Mar Egeu, perto da costa da Turquia, outro ponto de acesso à UE, a situação mudou drasticamente nas últimas horas.
As autoridades registraram quase 14.000 refugiados e migrantes que aguardam há vários dias no local e as primeiras viagens para Atenas aconteceram com tranquilidade.
Depois das imagens chocantes do corpo sem vida do menino sírio de três anos Aylan Kurdi em uma praia turca, que comoveram o mundo, e das cenas de desespero dos migrantes, países de todo o mundo começaram a oferecer abrigo.
A Austrália, cujo governo é duramente criticado por sua política migratória restritiva, anunciou que receberá 12.000 refugiados sírios ou iraquianos.
Vários países latino-americanos também anunciaram medidas.
De acordo com o relatório mais recente da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), mais de 380.000 migrantes e refugiados chegaram à Europa pelo Mediterrâneo desde janeiro e 2.850 morreram na travessia ou foram reportados como desaparecidos.
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