Autor de livro que satiriza o Islã acha que nada será como antes na França

O autor francês suspendeu a promoção do romance na França após a capa da edição trágica da revista 

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O autor francês suspendeu a promoção do romance na França após a capa da edição trágica da revista 

 

O escritor francês Michel Houellebecq reconheceu que “nada mais será como antes” após o ataque na semana passada contra a revista satírica francesa “Charlie Hebdo”, em uma entrevista publicada nesta quarta-feira (14) pelo jornal italiano “Corriere della Sera”.

A entrevista foi concedida por ocasião do lançamento na Itália do seu polêmico romance “Submission”, no qual imagina um muçulmano como presidente da França em 2022 e que tem sido acusado de ser um texto “islamofóbico”.

“Eu admito, eu tenho medo”, confessou o romancista, que alegou, como reza o lema da Charlie Hebdo, “publicação irresponsável”, ser também um “irresponsável”. “Sim, eu sou um irresponsável, assumo, se não fosse assim eu não poderia continuar escrevendo”, disse.

O autor francês decidiu suspender a promoção do romance na França depois de protagonizar a capa da edição trágica da revista “Charlie Hebdo” publicada no dia do ataque. “Nada mais será como antes” após os atentados em Paris que mataram 17 pessoas, incluindo vários cartunistas do semanário, assegurou Houellebecq.

Questionado sobre a imensa manifestações de solidariedade realizada no domingo em Paris e da onda de apoio global provocadas pelos ataques, o escritor diz sentir-se cético. “Eu não acredito que as coisas vão mudar profundamente. Voltaremos a manter nossos pés no chão”, disse ele.

O romancista irreverente aprovou a decisão da revista de reaparecer nesta quarta-feira com uma caricatura de Maomé na capa. “Era o que tinham que fazer. Uma decisão justa. É justo continuar fiel à sua linha”, disse ele.

O escritor voltou a rejeitar as acusações de que seu livro é islamofóbico e reconheceu que mudou de ideia depois que em 2001 considerou o “Islã de ser uma religião estúpida”. “Voltei a ele ler o Corão (…) Um leitor honesto não conclui que devemos ir e matar crianças judias. Por nada”, disse ele. “O problema é que o Islã não tem um líder como o Papa para a Igreja Católica, que indica o caminho a ser seguido”, concluiu.