Repórter que mandou entrevistado ‘tomar no c*’ faz TV Record ser condenada na Justiça

Xingamento e ofensas de repórter e apresentador a um entrevistado renderam à Rede Record uma condenação na Justiça. De acordo com a coluna Rodrigo Gentile, do UOL, a emissora foi condenada a indenizar em R$ 20 mil um proprietário de loja de conserto de celulares ofendido pela jornalista Marcela Munhoz e pelo apresentador Eleandro Passaia – este que já foi secretário do Governo de Dourados (MS).

O fato que rendeu o processo ocorreu durante uma edição do programa “Balanço Geral SP”, em outubro de 2023, após uma enchente ter atingido a cidade de Franco da Rocha. A atração mostrava os estragos ao vivo quando começou a filmar o empresário, que pediu para não ser gravado.

Ele tentava limpar o local com um rodo, enquanto a repórter Marcela Munhoz insistia em exibir a cena no programa comandado por Eleandro Passaia. Como a jornalista não encerrou a transmissão, o proprietário passou a jogar lama e água em sua direção. Revoltada, Marcela acabou mandando o rapaz “tomar no c*”, segundo o processo.

Durante a transmissão, Eleandro Passaia, que apresentava o “Balanço Geral” do estúdio, ainda chamou o entrevistado de “ignorante”, “estúpido, “covarde” e “machão”.

Na sentença, a juíza afirmou que a emissora cometeu um “desrespeito e ato ilícito ao veicular imagens do empresário contra a sua vontade. E ainda profeririam diversas ofensas contra ele em rede nacional”.

A Record, por sua vez, alegou que o empresário, “nervoso com a situação” jogou lama agressivamente nos pés da repórter e que ela, “de imediato, pediu respeito e reafirmou que estava no local somente fazendo o trabalho dela”.

Condenada a pagar R$ 20 mil para o proprietário do estabelecimento, a Record ainda pode recorrer.

Apresentador do programa é ex-secretário de cidade de MS

Eleandro Passaia, o apresentador que conduzia o “Balanço Geral” e também ofendeu o empresário, já foi secretário do Governo de Dourados, em Mato Grosso do Sul. No Estado, o jornalista é conhecido por ter gravado políticos de MS em flagrante de corrupção que culminou na Operação Uragano.

Passaia filmou o ex-deputado e então 1° secretário da Assembleia Legislativa, Ary Rigo (PSDB), detalhando um suposto pagamento de propina a autoridades estaduais. Ary Rigo morreu em 2021.

O material registrado por quatro meses, sob orientação da Polícia Federal, revelou suposto pagamento de propina ao então prefeito de Dourados, Ari Artuzi — que acabou expulso do PDT — municiou a Operação Uragano, que levou prefeito, secretários e vereadores à prisão.