Babilônia estreia com duelo de vilãs, beijo gay e sexo

A estreia de Babilônia, na faixa das 21h da Globo, fez apagar da memória o final impopular da novela anterior

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A estreia de Babilônia, na faixa das 21h da Globo, fez apagar da memória o final impopular da novela anterior

Império? Mas que Império? A estreia de Babilônia, na faixa das 21h da Globo, fez apagar da memória o final impopular da novela anterior.

Em um capítulo com 1h40 de duração, a trama de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga deflagrou a guerra entre as vilãs Beatriz (Gloria Pires) e Inês (Adriana Esteves).

O embate entre elas, marcado por uma mistura de sentimentos — inveja, obsessão, desprezo, sarcasmo — lembrou duelos históricos como o protagonizado por Margo Channing (Bette Davis) e Eve Harrington (Anne Baxter) no clássico A Malvada.

Infeliz por ser pobre e comum, Inês idolatra a amiga de adolescência Beatriz, representante da alta sociedade da zona sul carioca. Ao ser desprezada durante o reencontro, é tomada pelo ódio da rejeição.

Após filmar Beatriz traindo o noivo, Evandro (Cássio Gabus Mendes), com o motorista dele, Cristovão (Val Perré), Inês tenta extorquir Beatriz.

Mas acontece uma virada na disputa entre ‘gata e rata’: a ricaça mata o amante, que também a chantageava para conseguir dinheiro, e arma para que a inimiga deixe suas impressões digitais na arma.

Na cena final do capítulo, Beatriz e Inês ficam cara a cara. A grã-fina recorre ao sarcasmo para definir a situação dramática: “Vamos nós duas, de mãozinhas dadas, para o fundo do poço. Não é pra isso que servem as amigas?”

Os noveleiros criaram expectativa por um duelo entre Maria de Fátima e Carminha, as personagens de Vale Tudo e Avenida Brasil que consagraram Gloria Pires e Adriana Esteves.

Gloria precisou de poucas cenas para mostrar que Maria de Fátima parece uma aprendiz de vigarista se comparada com Beatriz, uma mestre em golpes e PhD em dissimulação.

Com uma série de mentiras e armações, ela conseguiu levar o recém-viúvo Evandro para Paris e o seduziu pouco depois de o magnata jogar as cinzas da mulher no rio Sena, garantindo um casamento milionário para salvá-la da derrocada financeira.

Outro aspecto da personalidade de Beatriz é a ninfomania. Ela não faz distinção de classe: logo no começo da história ataca um marceneiro, depois foi para a cama com o motorista e em breve terá um caso tórrido com um jovem atleta. Aos 51 anos, Gloria Pires tira de letra a voracidade sexual da personagem.

Inês é igualmente sem qualquer ética. Com alguns trocados, suborna um rapaz para atropelar uma conhecida dela na orla da praia, a fim de tomar o lugar da mulher na festa onde reencontraria a ‘velha amiga’ Beatriz.

Na pele da suburbana ambiciosa que sonha em morar num apartamento “sem vista para a favela”, Adriana Esteves, 45 anos, bufa e berra como Carminha.

Porém sua nova personagem se difere da vilã anterior na overdose de cobiça e ao expor sequelas explícitas do bullying sofrido por ter sido uma garota gorda, indesejada pelos meninos e sem status social.

Já a terceira protagonista de Babilônia, Regina (Camila Pitanga), é uma típica mocinha: fez jogo duro com o namorado até transar pela primeira vez sob efeito de algumas taças de espumante.

Logo depois descobre que Luís Fernando (Gabriela Braga Nunes) tem mulher e filhos e, para piorar, se vê grávida do malandro. A heroína trabalha para ajudar a família e estuda com a intenção de subir na vida por seus próprios méritos.

Uma personagem politicamente correta, que ganhará mais vibração quando partir para cima de Beatriz e Inês, ávida por fazer justiça pelo assassinato do pai, o motorista Cristovão.

Outro destaque do capítulo foi o beijo na boca entre Teresa (Fernanda Montenegro) e Estela (Nathália Timberg). Um selinho caprichado com duração de 7 segundos que deve ter feito muita gente se remexer no sofá, ou ficar petrificada com tamanha ‘ousadia’ de duas atrizes de 85 anos.

Em ritmo ágil, com passagens de tempo bem marcadas, o novelão da Globo tem ingredientes de sobra para agradar o telespectador — e deixar ainda mais furiosos os que atacam a emissora por exibir tramas recheadas de crimes, infidelidade e diversidade sexual.

Babilônia exibe a marca inconfundível de Gilberto Braga: o retrato da convivência turbulenta entre ricos e pobres, honestos e corruptos, com doses generosas de sexo sem culpa.

De acordo com dados prévios do Ibope, a novela estreou com 31 pontos de média. O índice consolidado será divulgado no início desta tarde. A antecessora, Império, marcou 32 no primeiro capítulo. Antes dela, Em Família registrou 33, e Amor à Vida, 35 pontos.