A Cia. Teatral Ofit apresenta a peça “Todo redemoinho começa com um sopro” nesta segunda e terça-feira, 21 e 22 de dezembro, às 20 horas, com transmissão ao vivo pelo canal do Youtube do Sesc Mato Grosso do Sul. Inspirado na obra de Clarice Lispector, o espetáculo faz uma homenagem ao centenário de nascimento da escritora, considerada um dos principais nomes da literatura brasileira.

A peça tem investimentos do Programa Municipal de Fomento ao Teatro (Fomteatro), da Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e ) e apoio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS) e SESC Cultura. Previamente aos espetáculos, às 18h, haverá diálogos com o elenco nesta segunda (21) sobre “Os desafios e procedimentos on-line na composição de personagem“, e com autor à respeito dos “desafios da adaptação do texto” nesta terça (22) através do aplicativo Zoom.

A peça integra o projeto da Cia. Ofit “Aqui Somos Todos Estrangeiros – 100 anos de Clarice Lispector”, que traz a remontagem da peça “No gosto doce e amargo das coisas de que somos feitos”, apresentada em 2007. Desta vez, a dramaturgia foi atualizada por Éder Rodrigues, a partir do universo de Clarice e dos ecos da montagem anterior.

Cia. Teatral Ofit apresenta a peça “Todo redemoinho começa com um sopro”
(Divulgação, Cia OFIT)

“De todas as peças que fizemos, sempre tivemos o desejo de revisitar esse espetáculo e quando eu li algo sobre o centenário da Clarice, eu percebi essa oportunidade. Clarice Lispector está nas entrelinhas, nos silêncios e, para o , isso é um desafio muito grande de composição de personagem”, explica o diretor da peça, Nill Amaral.

No elenco estão os atores Patricia Saravy, Ligia Prieto, Luciana Kreutzer, Samir Henrique e Tamara Prantl. Os ensaios e adequações da peça ocorreram todos durante a pandemia do novo , de forma on-line, para respeitar as medidas de biossegurança descritas pela Organização Mundial de Saúde ().

Retomada

“A retomada desse espetáculo, para nós da Cia. Ofit, se apresentou como um desafio importante, principalmente para manter a chama do teatro acesa, para tentar responder ao momento de crise que o mundo atravessa, com os novos termos espaciais de exibição que o teatro está explorando. Colocar o teatro na fronteira entre a performance e o audiovisual demonstra um caráter inovador, além de ser um marco na construção cênica da Cia. Ofit, como foi ‘No gosto doce e amargo das coisas de que somos feitos’”, pontua o diretor.

Para a atriz Ligia Prieto, o período de ensaios on-line foi de muita ansiedade, mas também importante para que os atores pudessem se apropriar da palavra. “Ficar esses meses no on-line dá uma certa ansiedade, porque o teatro acontece no encontro e precisamos permanecer sem o palco, sem o espaço físico, sem o outro. Essa foi a parte mais difícil, viver uma outra realidade. Quando fomos para os ensaios presenciais, nessa última semana, nossa foi muito cansativo, era como se a gente tivesse que pegar os últimos meses e encaixar naquelas poucas horas, sem perder nada. Foi muito intenso, porque temos pouco tempo para conseguir colocar todo o trabalho já feito, dentro de uma lógica cênica, dentro de uma estrutura que sustente a potência do trabalho”, explica Lígia.

De acordo com o ator Samir Henrique, o processo foi difícil, mas gratificante. “Eu vejo que todo esse processo que aconteceu de maneira separada, primeiro estudando o texto, a palavra, as intenções, e depois trazendo isso para o corpo, para ver como tudo isso que nós estudamos reverberava na troca, é muito diferente e gratificante”, pontua.

Sinopse

Na peça “Todo redemoinho começa com um sopro”, os personagens precisam esvaziar um imóvel após a partida da moradora. Seria um gesto simples, se não fossem os desejos engavetados, os vazios varridos para debaixo do tapete e tantas estrelas caídas na varanda. O que parecia apenas um inventário cotidiano do final de um ciclo, acaba se revelando um mergulho em cada um dos detalhes, abismos e descobertas estranhamente encaixotados.

Ligia e a atriz Luciana Kreutzer participaram da peça “No gosto doce e amargo das coisas de que somos feitos”, encenada em 2007 pela Cia. Ofit e também inspirada na obra de Clarice Lispector. Agora, de volta aos palcos, Luciana pontua que apesar das similaridades, a dramaturgia entre as duas produções é diferente. “É uma remontagem, tem inspirações no outro espetáculo, mas a dramaturgia de “Todo redemoinho começa com um sopro” é completamente diferente. Ele traz algumas referências do primeiro espetáculo, algumas identificações simbólicas, a questão existencial é muito parecida, mas acabou que virou outro espetáculo”, explica.

Ao contrário do restante do elenco, Luciana não permanecerá no palco. “A minha parte é gravada e será projetada dentro do espetáculo. É muito legal porque o espetáculo conta com algumas questões tecnológicas. A outra montagem vai estar presente nessa, além de alguns pontos na dramaturgia, ela também estará presente através das tecnologias, de projeção de vídeo, de referências imagéticas”, esclarece.