Ele não deixou filhos

Lucinha Araújo, mãe do cantor Cazuza (1958-1990), diz que recebe “muitos sinais” do filho. “Por exemplo, se um artista pede ‘Lucinha, você me deixa gravar tal música?’, eu falo ‘me dá um tempo’. Aí eu digo ‘Cazuza, me dá um sinal’. Ligo o rádio e está tocando Cazuza. Isso é um sinal de que tenho que assinar a autorização”, diz. 

Morto há 26 anos de complicações decorrentes da Aids, Cazuza não deixou filhos. Mesmo assim, segundo Lucinha, é frequente aparecer pessoas que se dizem herdeiras do cantor. 

“Já apareceram tantos filhos dele, volta e meia aparecem. Ele morreu há quase 27 anos e aparece um garoto de 20 dizendo que é filho dele, isso acontece bastante. Até adoraria se fosse verdade, mas é tudo mentira”, diz durante entrevista a Daniela Albuquerque, apresentadora do programa “Sensacional”, da RedeTV!.

“Sabe qual foi a maior herança que ele me deixou? Foram as músicas. No dia em que me conscientizei disso, eu falei, ‘tudo bem, não tive netos, mas as canções que ele deixou são meus netos’”, completa.

Mãe de Cazuza afirma receber sinais do filho após 26 anos de sua morte

À apresentadora, a mãe de Cazuza também conta sobre o momento em que ela e o marido tiveram a notícia de que o filho estava com Aids. “Ele não me deixou acompanhá-lo no dia que foi buscar o resultado, mas depois foi a pé para encontrar a gente. Nós dois já estávamos em casa esperando por ele. Foi muito triste, mas foi uma prova de amor dele. Ele não foi procurar ninguém, falou ‘eu vou voltar para onde tudo começou’.”

Questionada se teve tempo para se despedir de Cazuza antes de sua morte, Lucinha diz que não. “Eu me recusava a falar em morte e não queria que ele falasse, o João também não queria. A gente colocou um véu na nossa frente.”

Durante a entrevista, a mãe de Cazuza também fala de sua relação com a fé: “Eu já tive mais, porque ainda tenho uma pergunta que não me deixa calar: por que o meu filho?”.

No comando da Sociedade Viva Cazuza, instituição que atende crianças portadoras do vírus HIV há mais de 20 anos, ela destaca a importância do trabalho em sua própria vida. “Me ajuda a viver. Foi isso que salvou a minha pátria, porque preciso mais dessas crianças do que elas de mim. (…) Eu não teria uma tábua de salvação como tive depois que fiz a Viva Cazuza, porque em cada criança que eu ajudo, vou sempre procurar o sorriso do meu filho”.