Com cinco bailarinos corumbaenses, uma paulista e dois argentinos, a Cia de Dança do Pantanal embarca neste 1º de abril rumo à Portugal, onde os artistas participarão, de 4 a 7 de abril, do Concurso Internacional de Bailado do Porto, de 4 a 7 de abril.

A maior parte dos dançarinos tem DNA pantaneiro e deram os primeiros passos no Instituto Moinho Cultural Sul-Americano, em , a cerca de 430 km de Campo Grande.

Quando surgiu, em março de 2017, a proposta era levar a dança que representava o bioma Pantanal associado à diversidade cultural sul-americana para todo o País. Exatamente dois anos depois, a Companhia de Dança do Pantanal, criada no Instituto Moinho Cultural, em Corumbá-MS, a 420 km da Capital, por sua diretora executiva Márcia Rolon, dá seu maior passo.

A competição reúne grupos de balé clássico, neoclássico e contemporâneo de todo o mundo. A vaga foi conquistada em julho de 2018 ao ser escolhida como melhor grupo de dança contemporânea no Festival do Passo da Arte Internacional de Indaiatuba, em São Paulo, concorrendo com companhias de toda a América do Sul.

“Temos uma proposta ousada, diferenciada, com um tema contemporâneo que fala da disputa de território e a preservação do Pantanal”, destaca Márcia Rolon, diretora artística da companhia. “Normalmente as companhias de danças mundiais têm uma característica única: ou é balé clássico ou é contemporâneo. Nós trabalhamos com o balé clássico e o contemporâneo, e ainda alinhamos um elemento regional de interesse mundial que é o Pantanal”.

Em Portugal, a Cia de Dança do Pantanal apresenta a coreografia contemporânea “Cultura Bovina”, de Chico Nuller, responsável pelo Ginga Cia de Dança, e a peça neoclássica “Divertimento”, de Mozart, coreografia da professora de dança e ex-bailarina Beatriz de Almeida.

Em disputa por bolsa, Cia de Dança do Pantanal viaja a Portugal nesta segunda
(Navepress | Divulgação)

Primeiros passos

Kelven Alex Lopes de Jesus, de 21 anos, deu seus primeiros passos de balé na segunda turma formada no Moinho, aos sete anos de idade. Difícil imaginar que uma criança nascida no bairro Cervejaria, na zona portuária, em meio da pobreza e vulnerabilidade, pudesse chegar a ser um dos principais bailarinos do Moinho. “Superei todas as dificuldades me inspirando sempre no ideal de transformação do Moinho”, diz.

Como ele, Kauan Coelho, Núbia dos Santos, Nayara Aponte e Izabelle Paiva foram formados na escola de balé do Moinho, instituto criado há 15 anos no Porto Geral para atender estudantes provenientes de famílias em situação de vulnerabilidade em cursos de dança, música, tecnologia, cidadania, educação ambiental, além de apoio escolar.

Os argentinos Paloma Mariel Fernandez, de 20 anos, nascida em Buenos Aires, e Agustin Salcedo, de 23, de Mar del Plata, reforçam este ano o grupo e compõem a coreografia do balé neoclássico. “Comecei em uma escola voltada para os mais humildes, muito parecido com o Moinho, na grande Buenos Aires”, conta Paloma.

Brenda Ribeiro, de 19 anos, paulista de São José do Rio Preto, chegou ao Moinho indicada pelos mestres cubanos Rolando Candia e Mayda Rivero.

Em disputa por bolsa, Cia de Dança do Pantanal viaja a Portugal nesta segunda
(Navepress | Divulgação)

Bolsa de estudos

No Porto, estarão em disputa bolsas de estudo oferecidas aos melhores classificados nas categorias clássico, neoclássico e contemporâneo, divididos por faixas etárias que vão dos cinco aos 30 anos. Escolas de dança de Londres, Zurique, Basel, Marselha e Munique disponibilizam as bolsas de estudo. E para o melhor grupo há uma premiação em dinheiro.

Os jurados do Concurso Internacional de Bailado do Porto serão de Portugal, Brasil, Alemanha, Inglaterra, França, Espanha e Suíça. “É uma chance de crescimento muito grande”, diz Beatriz de Almeida. “Os bailarinos não vão só para dançar, eles também tomam aulas, são avaliados o tempo inteiro, se tem disciplina, se demostram interesse, tudo isso conta nesse festival”, acrescenta.

Trata-se de uma vitrine mundial. É onde a Cia de Dança do Pantanal pretende alçar voos maiores na sua proposta de colocar a dança contemporânea pantaneira aos olhos de toda a Europa. Mesmo porque ela ainda carece de um patrocinador, embora possa contar com os apoiadores do Instituto Moinho Cultural Sul-Americano – Vale, Itaú Social e Brazil Foundation. No concurso de Indaiatuba, a Viação Andorinha contribuiu com o transporte e a Ong Bolha de Sabão com a hospedagem.

“Vamos pisar em território europeu, e isso é raro em momento de crise, isso é um marco, mas ao mesmo tempo um salto para a gente conquistar de vez nosso profissionalismo”, afirma Márcia Rolon. “Queremos atrair os olhos de investidores brasileiros, de sul-americanos e, por que não, de europeus para a manutenção de nossa companhia, precisamos de uma empresa que adote unicamente a Companhia de Dança do Pantanal”, enfatiza.

(Assessoria | Nelson Urt | Navepress)