Em dia de jogo de seleção, nem todos países param por causa de Copa do Mundo
No “País do Futebol” é quase regra: quando a Seleção Canarinho entra em campo em disputa de Copa do Mundo, a torcida verde e amarela para. No Brasil, pode até não ter protesto político em horário de expediente, mas na hora do jogo todo mundo dá um jeitinho para assistir a Seleção. Em departamentos públicos, […]
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No “País do Futebol” é quase regra: quando a Seleção Canarinho entra em campo em disputa de Copa do Mundo, a torcida verde e amarela para. No Brasil, pode até não ter protesto político em horário de expediente, mas na hora do jogo todo mundo dá um jeitinho para assistir a Seleção.
Em departamentos públicos, empresas privadas, comércios e até bancos, a rotina muda e nem tudo abre durante os dois tempos de 45 minutos. Em Campo Grande, por exemplo, nesta segunda-feira (2), quando o Brasil joga contra a seleção do México, as agências bancárias abriram das 7h30 às 9h30. Os funcionários foram liberados e voltam a trabalhar somente às 13h.
Em muitas empresas privadas, o expediente só começa na parte da tarde. Assistindo ao jogo na Praça do Rádio, em Campo Grande, as auxiliares de contabilidade Fabiana da Silva, de 37 anos, Tatiana Gomes, de 32, e Katiuscia Maciel, de 30, trabalham num escritório no centro e fazem parte desta turma que foi liberada por causa do jogo. “Fomos liberadas só na hora da partida, então nada de bebida. Mas mesmo na água e no refrigerante a gente veio para cá, o importante é torcer”, contam.
Outras culturas
Mas nem todos os países param quando a própria seleção entra em campo. Na Europa, por exemplo, a ordem é mais rigorosa e nada fecha por causa de futebol, nem mesmo se for em Copa do Mundo.
Morando na Alemanha há uma ano e meio, a campo-grandense Jéssica Galeano diz que por lá as pessoas gostam muito de futebol, mas ninguém deixa a rotina de lado para assistir aos jogos. Mesmo nos finais de semana, o torcedor até vai para rua ou para o bar, mas depois do apito final, vida que segue normalmente. “Não como o brasileiro, que continua fazendo festa”, conta.
Na Espanha há 12 anos, a campo-grandense Beatriz Duarte diz que lá também nada muda. “As pessoas não param para assistir jogo, não fecha nada. Na final da primeira vez que ganharam, lembro que todo mundo trabalhou normalmente”, diz. A brasileira ainda ressalta que na região onde mora, na Catalunya, a crise política desmotivou o torcedor. “Como aqui estão numa luta pela independência, estão numa crise política não muito legal, não vejo muito ânimo como a primeira vez que a Espanha foi campeã. Os catalães não estão torcendo muito pela Espanha”, diz Beatriz.
Segundo a professora uruguaia Nicole Mass, no Uruguai nada deixa de funcionar, mas o torcedor sempre dá um jeitinho. “Aqui não fecha nada, mas tem televisor em todos os trabalhos, inclusive nos colégios”, conta. Então, na prática, as coisas não funcionam tão bem assim. “Nessa hora não trabalhamos, mas porque ninguém se move mesmo. Tudo ‘funciona’, mas, na verdade, pobre de quem pretende serem atendido”, brinca Nicole, com bastante fundo de verdade.
A passeio em Portugal, a estudante Karol Duarte percebeu que por lá a rotina dos portugueses segue o fluxo. “As coisas aqui funcionam normalmente, não fecha nada. No jogo da Seleção deles, tem um telão montado na Praça do Comércio, em Porto, estava lotada, mas eles não são tão festivos como nós brasileiros. Durante os jogos são super animados, torcem bastante, mas não passa muito disso. Acabou o jogo, vida normal”, compara.
Do outro lado do mundo, a campo-grandense Francielly Nabhan Saito diz que no Japão as coisas não param nem quando tem terremoto. “Aqui na minha região está como se nada estivesse acontecendo. Os Japonês não festejam a Copa como os brasileiros. É como se nada estivesse acontecendo, a gente vê uma bandeira, uma camiseta, aqui ou ali. Na verdade, como japonês é geralmente discreto, se eles comemoram, é dentro de casa e sem fazer barulho”, conta.
E dentro de toda essa diferença cultural, talvez nossos hermanos argentinos sejam os que mais se parecem com os brasileiros quando o assunto é futebol. “O comércio fechou, mas é opcional. Mas a rua fica deserta. Muita gente fecha, como farmácia, bar, escola dispensa alunos. Eu estava no trem na hora do último jogo e todo mundo no celular, gente que não teve saída”, conta a brasileira Silvia Frias, que atualmente mora na Argentina.
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