Donos de bar levantam bandeira de feminismo para encorajar denúncias
Após ouvirem alguns relatos de mulheres sobre assédio ou situações constrangedoras diante de atitudes machistas, os donos do espaço cultural Brava, em Campo Grande, publicaram uma nota nas redes sociais levantando a bandeira do feminismo e deixando bem claro que no local “machistas não passarão”. O posicionamento foi enfático e sem meias palavras. “Queremos explicitar […]
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Após ouvirem alguns relatos de mulheres sobre assédio ou situações constrangedoras diante de atitudes machistas, os donos do espaço cultural Brava, em Campo Grande, publicaram uma nota nas redes sociais levantando a bandeira do feminismo e deixando bem claro que no local “machistas não passarão”.
O posicionamento foi enfático e sem meias palavras. “Queremos explicitar a partir desse post, que a BRAVA não compactua com nenhuma atitude machista/misógina/homofóbica e que da forma mais transparente e sincera, gostaríamos de pedir o voto de confiança de quem frequenta nossa casa, que caso qualquer situação desse nível aconteça, que nos procurem imediatamente, que iremos resolver tudo o mais rápido possível. Não queremos e não vamos aceitar que as mulheres sejam coagidas, assediadas e muito menos agredidas dentro da nossa casa”, dizem na publicação.
Donos da Brava, Kenzo Minata, 31 anos, e Leonardo Soldati, 35 anos, ressaltam que a publicação, além de deixar claro a postura da casa, é também uma forma de encorajar as mulheres a denunciarem qualquer tipo de situação imediatamente.
“Queremos que as mulheres confiem em nós e se sintam seguras para chegar e reclamar, caso passem por algum aperto. Os caras têm que entender que precisam respeitar o espaço das mulheres até mesmo se elas não quiserem conversar. Então, o cara que não sabe respeitar isso, seja porque bebeu demais ou por índole mesmo, ele já nem serve pra ser nosso público”, pontua Léo.
Ainda sobre a postagem nas redes sociais, Kenzo ressalta a preocupação em ser confundida com marketing. “Esta sempre foi a política da casa, nunca admitimos atitudes de desrespeito, mas, infelizmente, faltamos com o público em deixar isso claro. E sentimos, após alguns relatos, que precisávamos nos posicionar. De agora em diante, queremos fazer ações para reforçar essa ideia”, diz.
A noite campo-grandense
“A cultura machista é muito forte nos campo-grandenses e isso é bem explícito na noite. Está faltando os donos de empreendimentos se posicionarem para dar abertura para as denúncias na hora do ocorrido, as mulheres precisam deste respaldo”, reforça Kenzo.
Os proprietários da Brava batem na tecla de que muitos casos acabam passando batido porque as mulheres não se sentem seguras em denunciar. “Ouvimos relatos de cara que chega encostando, outros que seguram pelo braço, forçando uma situação, ou até mesmo aqueles que ficam importunando quando a mulher não quer papo. Os bares são espaços que são movidos por interações, pelo encontro de pessoas, mas os caras precisam aprender a respeitar”, pontua Léo.
Desconstrução
Tanto Léo quanto Kenzo admitem que foram criados dentro de uma cultura machista e que precisam se policiar diariamente para pisarem na bola. “Estamos em processo de desconstrução, sempre aprendendo. Hoje em dia, por exemplo, não viro mais o pescoço quando passo por uma mulher, elas não são objetos”, diz Léo.
“O meu processo de mudança começou depois do nascimento do meu primeiro filho, vendo mais de perto como é a maternidade e todo o peso que as mulheres carregam. Isso tudo me fez parar e repensar as minhas posturas e meu posicionamento”, conta Kenzo.
Das pequenas lições da vida, os dois perceberam que o feminismo também é, e deve ser, uma luta dos homens. E a partir dos próprios exemplos, hoje eles acreditam que a mudança cultural é possível.
Com bar, hamburgueria, loja de roupas, estúdio de tatuagem e muito respeito pelas minas, a Brava funciona na avenida Calógeras, próximo à Feira Central, de quarta-feira a domingo, das 18h às 23h.
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