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Comportamento

Copa do Mundo: Sociólogo descreve assediadores como machistas e cafajestes

Nestes 11 dias da Copa do Mundo da Rússia, já perdemos as contas de casos de assédio contra mulheres. Russas ou de outras nacionalidades, torcedoras ou jornalistas, foram, em sua maioria, vítimas de brasileiros. Enquanto no Brasil assistimos embasbacados a cada novo vídeo filmado e compartilhado pelos próprios assediadores, mais homens reforçam o comportamento. Em […]
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Nestes 11 dias da Copa do Mundo da Rússia, já perdemos as contas de casos de assédio contra mulheres. Russas ou de outras nacionalidades, torcedoras ou jornalistas, foram, em sua maioria, vítimas de brasileiros.

Enquanto no assistimos embasbacados a cada novo vídeo filmado e compartilhado pelos próprios assediadores, mais homens reforçam o comportamento. Em entrevistas ao vivo a emissoras, a bizarrice é repetida: as mesmas palavras ditas à mulher russa no primeiro viral, são entoadas em tom de desafio.

Oi? É sério? Vocês tem certeza que querem insistir nisso?

Sem entender – mas tentamos supor – o porquê de tal comportamento, fomos procurar explicações.

Machismo, infantilidade, cafajestice

O MidiaMAIS conversou com o sociólogo Paulo Cabral sobre o assunto e ele foi taxativo. “Independentemente das circunstâncias, ele (o assediador) tem que ter no seu caráter uma formação machista, porque se assim não fosse, não teria como manifestar-se daquela forma. Antes de mais nada, ele assimilou o machismo, um traço da cultura brasileira”, afirma.

Além disso, segundo ele, o que exacerba as atitudes de tais homens é o fato de estarem em outro país, em situação de comemoração. “Quando estão distantes de casa, num momento de férias e de Copa do Mundo que, guardadas as devidas proporções, em situação de vitória, permite algo quase comparado ao espírito de carnaval. Tem a catarse, liberação da censura”, explica o sociólogo, o que os levaram a praticar aqueles atos bizarros.

Ainda, a atitude observada nos vários vídeos é característica de infantilidade. Segundo Cabral, o comportamento “é próprio dos adolescentes – tem marmanjos de 30 anos (e até mais) se comportando como adolescentes – a questão do grupo reforça estas condutas, não que o grupo imponha”, adiciona.

O fato é que não há desculpas para as agressões cometidas por todos eles. Seja álcool, seja o conhecido comportamento de manada, ou a liberação da censura, ou qualquer outra explicação, conforme o sociólogo, qualquer dessas situações “até pode afetar (o comportamento), mas da mesma maneira que as outras circunstâncias, se não tem a cafajestice e o machismo, não terá de onde tirar o comportamento. De alguma forma, essa formação machista e cafajeste está introjetada e internalizada para poder ser vocalizada”, pontua.

“O que é mais complicado é, os sujeitos, além de praticarem a cafajestada, serem ainda mais cafajestes ao postar nas redes sociais. Talvez a ideia de terem conquistado alguma coisa; para postar na rede é porque entendem que, com esta postagem, podem de algum modo glorificá-lo, ele acha que é muito legal”, descreve Cabral.

Reações

O sociólogo acredita que a repercussão dos vídeos compartilhados pode ajudar para que esse tipo de comportamento diminua. “É interessante perceber essa reação e movimentação para se punir esse tipo de conduta. Já que as pessoas não são capazes de respeitar a mulher pela consciência de que é uma semelhante e igual, se não respeitam, pelo menos não ofendam com receio da punição”, analisa ele.

Entretanto, este ainda não seria o cenário ideal. “As pessoas não estarão sendo éticas”, faz a ressalva, pois apenas deixarão de exteriorizarem alguns comportamentos “só por medo da punição; por dentro continuam a mesma porcaria”, opina.

Continuando sobre a resposta da sociedade aos vídeos publicados até agora, ele reflete: “O episódio da rússia e a extraordinária repercussão negativa mostra que, ao mesmo tempo que se tem os babacas que praticam a transgressão, há uma parcela muito grande capaz de se indignar”.

E esta indignação pode ressoar e influenciar quem ainda não se posicionou. “De alguma maneira, a partir da repercussão, muitos indiferentes começam a ser instigados a refletir. Assim vamos construindo e pavimentando uma trajetória pra isso e superando essas tristes heranças que recebemos”, diz, se referindo ao machismo.

Solução?

Talvez seja difícil se colocar no lugar do outro, ter empatia, pois vai contra o orgulho e tudo aquilo que temos enraizado profundamente. Contudo, é um exercício necessário. Quem não se sentiria humilhado, envergonhado e diminuído ao ser reduzido como aquelas mulheres foram?

Quanto custa o machismo? Um emprego? Uma reputação? Deitar a cabeça tranquilamente no travesseiro? Quem sabe, um relacionamento? Um “copo d’água transformado numa tempestade”?

O que é necessário para haver respeito?


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