Na esquina da Avenida Afonso Pena com a Rua Bahia, o motoboy Silvio Ferreira, de 49 anos, repete o ritual que desde 1998 adotou para fazer um “pé-de-meia”. Ele estaciona sua Kombi no meio-fio e dela retira a mercadoria comprada em São Paulo, que posteriormente é estendida num varal. E assim Silvio passa o dia aguardando os clientes, que param na via interessados em itens da Copa do Mundo, como bandeiras do Brasil e camisas da Seleção brasileira.

Mesmo diante de um certo desânimo às vésperas da principal competição de futebol do mundo, Silvio se mantém otimista com o negócio. Dos cerca de R$ 7 mil investidos, ele espera tirar pelo menos o dobro. “Clima de Copa do Mundo só incendeia depois do primeiro jogo, tô nesse ramo desde 1998 e sei do que tô falando”, brinca o motoboy, que inclusive tirou férias para se dedicar às vendas. “Ninguém resiste a um gol do Brasil. Depois de domingo, você vai ver que tudo fica diferente. E aqui, desde domingo já comecei a vender mais”, completa.
O otimismo de Silvio não é sem fundamento. Pelo menos os motores de buscas na internet já mostram o crescimento do interesse de assuntos relacionados à Copa do Mundo: entre abril e maio, o Google registrou crescimento de 22% pela procura de “televisão”. O termo-chave “cupom de desconto TV” teve aumento de 50% e “TV em promoção” de 82%, de acordo com levantamento feito pela empresa Cuponation (confira infográfico no final da matéria).
Interesse que cresce
Mato Grosso do Sul acompanha a tendência. No mesmo período de abril a maio, o termo “camisa do Brasil” teve aumento de 296% nas buscas, seguido de “figurinhas da Copa”, com 86%; e “TV em promoção” em 50%. Até celular entrou na jogada – smartphones com TV tiveram aumento de 40% nas buscas e “cerveja gelada” de 21%.

Com isso, a sensação que fica é que os campo-grandeses esperam o primeiro grito de gol para que o adormecido espírito de futebol desperte. Só que nas ruas, a busca por itens decorativos e de vestuário já são realidade. A pedagoga Maria Antônia Beviláqua, de 53 anos, afirmou que já está com a casa decorada. Ela foi uma das que parou o carro na Avenida Afonso Pena para comprar um dos produtos de Silvio.

“Estava faltando essa bandeira grande para colocar no portão de casa, mas o resto já está tudo enfeitado. Lá em cas aa gente adora torcer pela seleção, mesmo que o 7×1 ainda seja trauma”, brinca a pedagoga. “E vai dar Brasil e Alemanha, você vai ver. Vamos dar o troco”, completa.
O enfermeiro Claudemir Cardoso também tornou-se cliente de Silvio. Ele comprou um body canarinho para o filho de apenas dois meses. “Ah, o país até está nessa situação, mas Copa do Mundo é outra coisa, né? Vamos torcer, sim. E torcer pelo hexa”, comenta.

A fotógrafa Lídia Marques, de 27 anos, e o marido Thiago Rocoy, piloto de avião, também visitaram o varal de Silvio. “Já temos as amarelinhas, agora queremos as camisas azuis para poder variar nos jogos”, comentam.
Segundo Silvio, que também tem outro ponto de venda de camisetas na cidade, na Rua Chad Scaff com Rodolfo José Pinho, a procura pelas camisas amarelas diminuiu bastante. “Saiu mais a azul, não sei porquê. E saiu muita bandeira, também, e camisa infantil. Mas a amarelinha parece que o pessoal não está mais tão a fim”, opina.
