Aos 20 anos, Karol Duarte transformou a dor da morte do pai em livro de poesia
Ser escritora era um sonho que ela sempre acreditou que daria certo
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Ser escritora era um sonho que ela sempre acreditou que daria certo
Aos 20 anos e exibindo, cheia de orgulho, o primeiro livro publicado, Karol Duarte é a prova de que “os sonhos sempre vêm pra quem sonhar”. Enquanto todos insistiam em dizer que “ser escritora” não era profissão e não dava dinheiro, ela remou contra a maré e apostou na voz que acalentava o seu próprio coração.
E é com a história desta jovem escritora que o MidiaMais abre a série “Pra Sonhar”, com relatos de personagens da vida real, de pessoas que simplesmente não encaixotaram os seus sonhos, pensando no quão difíceis eles poderiam ser de realizar. Mas provaram que tudo é possível quando se acredita e se corre atrás.
A entrevista aconteceu em um fim de tarde de um dia de semana, no café de uma livraria em Campo Grande, depois de muito “marca e desmarca”. E até nisso, Karol foi persistente. Todos os dias, ela me chamava no inbox e me perguntava se a pauta iria rolar. Até que ela mesma me convidou para sair e bater um papo. Confesso que, neste momento, a garota me ganhou pela ousadia. Topei o encontro e me dispus a conhecer a autora e a obra. E foi a minha melhor escolha naquela semana.
”Antes da Rosa”
Com a voz doce e tímida, Karol me cumprimentou e me mostrou o livro, como quem apresenta o maior tesouro que tem. A capa é minimalista, tem o desenho de uma menina de costas, com o cabelo meio preso, fazendo um estilo romântico, e o título: “Antes da Rosa”.
Nas páginas de dentro, são 75 poesias que contam sobre as tempestades que ela precisou passar antes de desabrochar. “Depois que o meu pai morreu, fiquei um tempo sem escrever e só voltei em 2016. Selecionei algumas poesias e comecei e correr atrás de editora”, conta a escritora.
Karol é mineira, nascida em São João Del Rei, mas foi ainda criança para Nazareno, onde morou até os 16 anos. Depois foi para Lavras estudar e, finalmente, chegou a Campo Grande há dois anos para dar início ao ensino superior, e hoje cursa a faculdade de Jornalismo.
Aos 14 anos, Karol perdeu o pai em um acidente de carro e se viu completamente desamparada, sem apoio ou ajuda de qualquer pessoa da família. Foi quando passou a morar sozinha e, de maneira precoce e dolorosa, precisou assumir as responsabilidades de uma vida adulta, tendo que administrar casa, contas, trabalho e ainda a saudade e a falta do pai, que a criou sozinho desde a infância.
No livro, cada poesia representa este período. A rosa é a própria Karol, que floriu depois dessas tempestades, como ela mesma descreve.
Correr atrás
Com as poesias selecionadas, Karol começou a correr atrás de uma editora para publicar a obra. Ela conta que chegou a mandar email para no mínimo quatro empresas. Mas tinha uma que era a favorita e para esta ela mandou mais do que um e-mail. Sem resposta, ela ligou pedindo para que, pelo menos, dessem uma olhadinha no conteúdo que tinha enviado.
Karol insistiu, acreditou no sonho e que seria possível realizá-lo. “Eu sabia que uma hora ia dar certo”, conta. E deu. O livro foi lançado em dezembro de 2017, pela editora Scortecci, de São Paulo, com 200 exemplares, que estão à venda em várias livrarias online do Brasil e também em algumas livrarias de Campo Grande.
Depois disso, a escritora também já recebeu convites para dar palestras em escolas da Capital, para falar a adolescentes sobre sonhos e determinação.
Herança
Quando o pai de Karol faleceu, ela ficou com a casa e uma pensão. Mas a maior herança que a menina teve é imaterial. “Sou o que ele me fez ser. Meu pai trabalhava com perfuração de poço artesiano, era um homem simples, mas muito culto e sonhador. Aprendi isso com ele e acho que teria orgulho de mim se estivesse aqui”, enfatiza a escritora.
Do pai, karol também herdou a veia artística. “Ele gostava de fazer escultura com gesso e argila”, conta. E além de escrever, a menina também arrasa na pintura em tela misturando as técnicas de maori e aquarela.
Lista de sonhos
Assim como a vida continua, os sonhos de Karol também seguem em uma lista que ela não coloca limites. E as últimas páginas do livro foram dedicadas para citar cada um deles. Ganhar um prêmio importante, aprender a tocar algum instrumento musical, fazer um curso de palhaço, voar de balão, viajar para Portugal, ver uma girafa de perto, ver uma aurora boreal, casar e ter um filho são alguns dos desejos da jovem escritora.
E para Karol não importa se eles são simples ou se estão distantes da realidade atual dela. O importante é sonhar e acreditar que nesta vida tudo é possível!
E você, tem um sonho realizado? Conhece alguém que não desistiu de seus sonhos? Divida com a gente essa história.
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