‘Teori’ da Conspiração: internet não engole morte acidental de Teori Zavascki
Ministro morreu em desastre aéreo na quinta-feira
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Ministro morreu em desastre aéreo na quinta-feira
A morte do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki em um acidente aéreo na tarde da quinta-feira (19) no Rio de Janeiro emitiu um alerta geral: todas as evidências levam a crer que o acidente que matou Zavascki, na verdade foi premeditado. Bem, pelo menos é o que apontam os internautas brasileiros em mais um episódio da boa e velha série ‘Teorias da Conspiração’, que teve seu ‘revival’ tão logo a notícia da morte de Teori circulou nas redes.
A frase “começo a crer em teorias da conspiração”, portanto, foi uma constante na linha do tempo de famosos e anônimos na tarde da quinta-feira, quando a morte do ministro passou a ser apontada apenas como a última consequência de uma sucessão de fatos que partem do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) com o fim de barrar a Lava Jato. Tudo isso por conta da responsabilidade concentrada nos ombros de Zavascki: como relator do processo da operação – a maior investigação de corrupção do país – cabia ao ministro homologar as delações de Marcelo Odebrecht, uma das principais testemunhas da operação que pode levar muita gente grande para cadeia.
O que ocorre, no entanto, é que de acordo com o regimento do STF, em caso de vacância de cargo – seja por aposentadoria ou morte – a vaga de ministro do STF que ficar disponível é preenchida por indicação do presidente da República. Este novo ministro assumiria as responsabilidades do anterior e, portanto, a condução jurídica da Lava Jato. O único problema é que Michel Temer (PMDB), o atual presidente, é citado dezenas de vezes na delação. Assim, a pergunta que se faz é: quais os interesses de Temer em nomear alguém que o incrimine?
Só isso não seria necessário para tamanho clamor. Uma mensagem em redes sociais postada pelo filho de Zavascki, Francisco Prehn Zavascki, em maio do ano passado, dá o tom conspiratório que conduziu os debates acalorados on-line na tarde de ontem.
“É óbvio que há movimentos dos mais variados tipos para frear a Lava Jato. Penso que é até infantil que não há, isto é, que criminosos do pior tipo (conforme MPF afirma) simplesmente resolveram se submeter à lei! Acredito que a Lei e as instituições vão vencer. Porém, alerto: se algo acontecer com alguém da minha família, vocês já sabem onde procurar…! Fica o recado!”, escreveu Francisco Zavascki há pouco menos de um ano.
A cereja do bolo, no entanto, está nos áudios de diálogo entre o senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do atual governo no Congresso e então ministro do Planejamento do governo interino, e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Na conversa, Machado foi gravado (por ele mesmo) dizendo que um caminho para livrar políticos enquadrados pela Lava Jato (ou “estancar a sangria” que é a Lava Jato) seria “buscar alguém que tem ligação com o Teori, mas parece que não tem”. O senador completou: “É um cara fechado, foi ela [a ex-presidente Dilma Rousseff] que botou, um cara… Burocrata da… Ex-ministro do STJ [Supremo Tribunal de Justiça]”.
As postagens do senador José Medeiros (PSD-MT) e do advogado Adriano Argolo no Twitter, já surgem serenas em meio a tantos e fortíssimos ‘indícios’. “Não vou antecipar furo porque não sou jornalista mas o jornal nacional hoje trará uma bomba de forte impacto no Brasil, envolvendo STF”, declarou o senador em sua rede social na tarde de ontem. Já Argolo alertou 1h antes da tragédia a possibilidade de assassinatos acontecerem para ‘estancar’ os rumos da Lava Jato. “Vou avisar porque depois vão culpar Lula e o PT… Delação da Odebrecht entregando políticos de vários países vai gerar assassinatos”, publicou o advogado.
Á imprensa, após a forte repercussão de suas declarações, Medeiros e Argolo esclareceram as publicações. No caso, o senador admitiu já ter conhecimento do fato e que não quis realmente ‘dar furo’ nos jornais. Já Argolo disse que sua postagem não é decorrente de visão espiritual, mas de visão política.
Outras teorias
Não é a primeira vez e, possivelmente, nem será a última que grandes teorias conspiratórias são utilizadas para explicar eventos complexos na política. Desde o início da República até na ditadura militar que mortes e sumiços misteriosos ganham explicações às vezes que de tão improváveis tornam-se fantasiosas.
Só da redemocratização (1985) para cá, há pelo menos três grandes teorias. A morte do presidente eleito indiretamente Tancredo Neves (PMDB), antes mesmo de sua posse, guarda mistérios. Com fortes dores abdominais, Tancredo foi operado às vésperas de sua posse como presidente, em 14 de Março de 1985. Porém, quem assumiu o posto foi José Sarney, então no PDS, partido que apoiava a ditadura. Tancredo morreria somente no dia 21 de Abril naquele ano. É que em uma entrevista, o general Newton Cruz disse que Sarney o procurara em outubro de 1984 – três meses antes da votação no Colégio Eleitoral que colocou Tancredo no poder – propondo um golpe.
Outro caso clássico de teoria da conspiração assombra o acidente de helicóptero que vitimou o então deputado federal Ulysses Guimarães em 1992: o deputado estava na linha sucessória da presidência, caso o vice do então presidente ‘impichado’ Fernando Collor de Mello (PRN), Itamar Franco (PMDB), desistisse de assumir a vaga – o que poderia acontecer devido a impopularidade de Itamar frente a Guimarães, forte opositor da ditadura militar.
O assassinato de Paulo César Farias, o PC Farias, em 1996, que foi tesoureiro da campanha presidencial de Collor, também está relacionada a uma teoria conspiratória. A história, porém, é tão complexa que sobram hipóteses, sendo a mais forte dela, no entanto, é que estaria em poder de PC a verba de campanha que teria sobrado da eleição de Fernando Collor de Mello.
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