Mato Grosso do Sul ganha mais um profissional de destaque internacional! De , o produtor e ator Diogo Pinto da Silva mora há 6 anos em Los Angeles e lançará no 28 de março o filme “Deconstructing Val”, de forma online na plataforma Filmocracy, seguindo os critérios de biossegurança. Após o lançamento, a produção será inscrita em festivais nacionais e internacionais.

O curta-metragem conta a história de Val Brazil (Diogo Pinto da Silva), uma performer brasileira que sonha com a fama em , mas que vê sua vida virar de cabeça para baixo depois de sofrer um estupro coletivo planejado pelo homem que prometeu casamento e o estrelato para ela.

“O maior desafio foi conciliar produção e atuação. Deixar de lado o uniforme de produtor para se concentrar na personagem não foi tarefa fácil, quase perdi a diretora no primeiro dia de gravação”, relembra Diogo. Para “Deconstructing Val”, Diogo optou pela construção de uma equipe formada em sua maioria por americanos, para que pudesse ter a experiência de fazer um filme com profissionais do mercado de Hollywood.

“Além de mim, havia apenas três brasileiros na produção e no áudio, mas optei por montar a equipe com muitos americanos e aprender com essa experiência. Dividi o roteiro com Brandi Self, que também dirigiu o filme. O elenco é americano, com exceção de mim, claro, e as atuações são todas em inglês”, explica.

Infância em MS

Para chegar a esse momento da carreira, de lançar o próprio filme, o brasileiro, de 40 anos, tem uma trajetória que começou na sua cidade natal, Campo Grande (MS). Foi na capital sul-mato-grossense que Diogo fez faculdade de Jornalismo e produziu um documentário sobre transsexualidade como trabalho de conclusão de curso.

Ainda em Campo Grande, ele produziu um documentário sobre crianças em situação de rua, para uma ONG da cidade. Mas as recordações da paixão pelo cinema são ainda mais remotas. Filho de empregada doméstica, Diogo teve uma pobre, e tem lembranças marcantes de quando pôde ter acesso pela primeira vez ao cinema, e ao contato com uma câmera.

“Meu primeiro filme no cinema foi ‘Super Contra o Baixo Astral'. Eu devia ter entre 8 e 10 anos de idade. O cinema, a tela grande, a energia… Tudo aquilo me seduziu. E também na infância tive meu primeiro contato com uma câmera. Meu melhor amigo na época era rico, e um dia o pai dele apareceu com uma câmera nas mãos fazendo vídeos. Eu fiquei enlouquecido com aquilo, querendo brincar com a câmera, gravar cenas, mas ninguém me deu ouvidos porque eu era criança”, recorda.

O sonho de trilhar um caminho na sétima arte fez Diogo ter a certeza de que precisava conquistar espaço em outros mercados, em outras cidades. Mas deixar o Mato Grosso do Sul não foi surpresa para sua família, que desde cedo, como em profecia, parecia saber do destino dele.

Diogo é índio Terena, e foi aos 8 anos de idade, durante uma benzedura na Aldeia Cachoeirinha, em (MS), que o próprio tio Afonso, um conhecido pajé que era responsável por esses rituais na época, disse que aquele menino “ganharia o mundo”. A expressão usada demonstrava a conquista de outros lugares, de um destino que o levaria para longe de suas origens. O tio estava certo.

Imigração e sonho

 

De MS e Terena, Diogo Pinto da Silva produz e estrela filme em Hollywood
O curta-metragem conta a história de Val Brazil (Diogo Pinto da Silva), uma performer brasileira que sonha com a fama em Hollywood (Foto: Divulgação)

Inicialmente Diogo foi para , mas foi numa viagem a Los Angeles, para levar a mãe de um amigo até a Califórnia, que ele teve certeza de onde queria viver e construir sua carreira. Desde 2014, Diogo vive uma história semelhante à de muitos imigrantes, que precisam trabalhar e enfrentar dificuldades para alcançar os sonhos em Hollywood.

“Eu represento muitas minorias: latino, brasileiro, índio, origem pobre, gay, exótico. Preciso enfrentar tudo que sabemos que está reservado para essas minorias na nossa sociedade atual. E tenho muitas histórias pra contar sobre isso. Mas estou aqui para dizer que é possível fazer filme em Los Angeles sim, e vencer essas barreiras. Minha trajetória no cinema, inclusive, tem como pano de fundo um pouco desses temas, pois essa também é uma função do cinema, incentivar reflexões que possam trazer mais igualdade, equidade e respeito para o nosso mundo”, afirma o brasileiro.

Nos EUA, Diogo também atuou no filme “Magic Hour”, em fase de pós- produção, e é responsável pela produção do projeto “Mutantes Supercar”, gravado em Los Angeles, Las Vegas e Miami, que está em andamento. Prestes a lançar “Deconstructing Val”, ele comemora a conquista.

“Minha carreira aqui fora tem muito a honrar minha mãe, uma índia, empregada doméstica, que lutou para criar seis filhos. Ela sempre acreditou e apostou em mim, e acho que essa história tem semelhança com a de milhões de brasileiros. Minha mãe não está mais aqui, mas faço questão de registrar que esse passo na minha carreira também é uma vitória de Luzia Pinto da Silva. Esse filme representa muitas vitórias diante de tantas adversidades. Que venham os próximos projetos”, comemora Diogo.

Premiere “Deconstructing Val”

O público brasileiro poderá participar do evento de forma gratuita na Filmocracy. Além do lançamento do curta, haverá bate papo com elenco e equipe, e discussões sobre cinema. Para isso é necessário fazer um cadastro prévio de um endereço de e-mail que pode ser enviado para [email protected], com o assunto “Premiere Deconstructing Val”. As vagas são limitadas. Na sequência o filme será inscrito em festivais. Mais informações nos perfis no Instagram: @deconstructingval e @diogudo.