A fachada estampa “Cantina Mato Grosso” e, para muitos clientes, é uma ofensa ter o nome de outro estado em solo sul-mato-grossense. No entanto, antes mesmo de falar, pouco buscam saber a história do local.
Iniciada em 1983, vendendo somente café e chipa na Avenida Mato Grosso, porém, nas proximidades com a Calógeras, o crescimento veio rápido e logo surgiu a oportunidade do espaço, desta vez nos “altos” da mesma avenida, vindo daí o nome do local. Agora, expandindo para Dourados, na região sul do Estado, ganha finalmente o nome de “Cantina MS”.
Segundo Lutieli Menezes Nascimento, de 34 anos, filha e sobrinha dos fundadores, a Cantina está em processo de sucessão familiar. “O meu pai e tio foram os idealizadores e começaram em um trailer pequeno. Foram crescendo na própria Avenida Mato Grosso e por isso lá leva esta nome. Quando cresceram, só mudaram de altura e tudo foi acontecendo, sempre com meu pai, minha mãe, meu tio e minha tia juntos, até conquistarem a sede própria, em 1999.
‘Cantina Mato Grosso’ expandiu para Dourados e agora será ‘Cantina MS’

No decorrer dos anos, tornou-se muito tradicional passar pelo local e ver aqueles grandes barris de cerveja artesanal, bem como casais dançando até altas horas da madrugada. “A música e o bailão gostoso atraiu muito o público, as famílias, além da gente se tornar a primeira cervejaria do Mato Grosso do Sul e a sétima microcervejaria do Brasil. Anos depois, em 2011, fundamos em Dourados. Foi quando meus tios ficaram lá e meus pais, Idivaldo e Maria, foram para Dourados. Em seguida, eu e meu irmão passamos a tomar conta”, explicou a sócio-proprietária Lutieli.
Agora, nesta segunda geração, os irmãos pensaram em projetos diferentes para a Cantina. “Aqui está virando Cantina MS e já estamos fazendo esta alteração, por conta desta rixinha com o Mato Grosso, e é engraçado que não tem nada a ver com esta questão do Estado. O que nos deixa feliz é que viramos referência em cervejaria artesanal, com a nossa fabricação própria. Fazemos todo o processo, fermentamos e tudo sem nenhum tipo de conservante químico, feita somente de água, malte e lúpulo, com duração de 20 a 30 dias”, comentou.
Orgulhosa da choperia, Lutieli diz ainda que ocorre a produção premium larger e com adoçante de caramelo, entre outros. “O chope está ganhando muito mercado. A pessoa que vai fazer uma festa e ela não quer mais a cerveja de garrafa. Ela quer a praticidade, gelado ali na hora, com a galera servindo na chopeira. E aí somos procurados aqui, em Jardim, Aquidauana, Bonito, diversos municípios, tanto para casamentos, aniversários e tudo mais”, ressaltou.
Choperia criou a ‘picanha na pedra’, que já recebeu até prêmio gastronômico

No decorrer da entrevista, Lutieli pediu a palavra. “Se eu puder pedir um favor, fala dos nossos pratos, porque o povo pensa que choperia tem só cerveja. E não, aqui tem pizzas, lanches, tem de tudo. E minha mãe criou este prato autoral, de picanha na pedra, que foi eleito o melhor prato pelo festival gastronômico de Dourados. Ela trouxe a pedra de Minas Gerais e fez a receita. É uma cozinheira de mão cheia e ainda tem o meu irmão, que é mestre cervejeiro”, comentou.
Agora, nesta transição, a família fala que continua apaixonada pela “Cantina” e pelos eventos que ali ocorrem. “Chegamos aqui com tudo certinho, fizemos um investimento alto e temos o registro do Ministério da Agricultura. Nossa estrutura é grande, temos sete tanques de fermentação, onde ocorre todo o processo do chope e um bailão que os douradenses adoram. Temos clientes cativos e vejo que amam dançar. O douradense é mais baileiro. Mas, temos o nosso espaço kids e o momento deles, inclusive com música e os nossos funcionários fantasiados”, ressaltou a proprietária.
O casal Márcia Cristina Caldeira de Almeida, de 60 anos, que é empresária no ramo da pecuária e loteamentos, e o marido, o médico Alberto Agudo de Almeida, de 63 anos, “batem ponto” no local ao menos uma vez por semana, levando familiares em algumas ocasiões.
“Nós frequentamos a Cantina há uma década e gostamos muito de dançar. Aliás, a gente se conheceu por meio da dança, estamos juntos há 30 anos e lá é o nosso local favorito. É super gostoso e a comida é maravilhosa, além do chope para todos os gostos. Gosto muito do atendimento e dos proprietários também, parece que somos uma extensão da família”, finalizou Márcia.
