Para ajudar nos cuidados com a filha autista, Lidiane vende pães caseiros de vários sabores em Campo Grande

Há dois anos, Lidiane Soares decidiu vender pães caseiros para ajudar nas contas de casa e nos cuidados com a filha mais nova, que tem autismo. A ideia surgiu da necessidade de comprar os medicamentos que a filha Sara, de 5 anos, precisa. Assim, colocou a mão na massa!
De início, Lidiane vendia os pães em uma rua isolada no bairro Vila Margarida. Mas, acabou ficando com receio por ser um local com pouca iluminação e tráfego de pessoas. Dessa forma, a mãe de três filhos procurou outro ponto para a venda dos pães, que fosse mais localizado e com grande fluxo de pessoas.
O novo local escolhido foi o cruzamento da Avenida Coronel Antonino com Rua Presidente Castelo Branco, em frente a uma loja de materiais de construção. Lá, os funcionários já a conhecem e acabaram fazendo amizade com a mãe das meninas. Todos os dias, Lidiane está pontualmente às 16h com Sara. No local, ela permanece até às 19h.
“O pessoal aqui da loja já me conhece. Eles mesmos falaram: ‘pode ficar aqui vendendo’. Então, eu trago elas direto. Elas gostam de ficar aqui brincando. E como a Sara costuma ficar um pouco agressiva, do meu lado eu controlo mais. Melhor do que ficar com o irmão”, conta Lidiane.

De vários sabores, pães de Lidiane conquistam clientes que provam
No ponto de sempre, desde novembro do ano passado, Lidiane já tem os clientes fiéis. Muitos estacionam no local somente para comprar o pão. Mas, ainda tem alguns que ficam receosos, por não conhecerem o seu trabalho. Além disso, não é todo mundo que costuma enxergar a sua placa no estacionamento da loja ou ouvi-la anunciar os pães.
“Às vezes a pessoa vê a gente vendendo e pensa ‘Ah, será que eu compro um pão? Será que é de confiança?’. Por isso eu preciso que mais pessoas vejam meu trabalho. Tem pessoas que passam aqui correndo, não sabem qual é o intuito do que eu estou vendendo”, explica.
Os pães variam de tamanhos e sabores. Tem de leite, pão sovado, de milho e outros. Lidiane ainda aceita encomendas. Independente dos sabores, o valor é o mesmo: R$ 20.
“Eu preciso vender bastante porque ela toma remédio controlado para o autismo e para o intestino. As terapias não consegui pelo SUS. Ela está no Cotolengo, enquanto as vagas não abrem no SUS. Lá ela está fazendo só fisioterapia da perna. Fora isso, a alimentação dela é diferente. E ela também usa fraldas”, conta.
Além de feitos com muito carinho e agradarem aos que compram, os pães de Lidiane são o sustento de sua família. “Eu trabalhava registrado antes dela nascer, mas é difícil manter. Agora, depois que ela nasceu, eu optei por vender coisas na rua”, comenta. E os projetos não param por aí! Lidiane pretende vender também algodão-doce no mesmo local, assim que o período escolar retornar.
