Golpe dos 3 mil tijolos fez Reni construir casa de madeira impecável, há 46 anos, em Sete Quedas
Homem disse ser dono de loja de material de construção e pediu os tijolos emprestados, porém, sumiu e nunca devolveu
Graziela Rezende, Nathalia Alcântara –
Os três mil tijolos, comprados com muito esforço, já tinham sido entregues no terreno e o marido de Reni Kehl estava “feliz da vida” porque logo ia começar a construir a casa do casal. Recém-chegado em Sete Quedas, no ano de 1977, foi transferido da fábrica de fogões. Na época, saiu de “mala e cuia” de Soledade, no Rio Grande do Sul, com destino à cidade fronteiriça de Mato Grosso do Sul, levando a família junto.
Ao chegar, Reni e o esposo ficaram contentes com a possibilidade de construir a moradia própria e ali criar o casal de filhos. Juntando dinheiro, adquiriram os tijolos, porém, a inocência atrasou os planos e eles caíram em um golpe.
“Um homem começou a conversar com meu marido, dizendo que tinha uma loja de materiais de construção e estava precisando dos tijolos emprestados e que logo ia devolver. Ele emprestou e o cara sumiu e nunca mais devolveu”, relembrou Reni, hoje aposentada, com 79 anos.
Conforme a idosa, o marido faleceu há cinco meses e aquele ali foi o lar onde eles viveram quase meio século.
“Eu cuidei dele a todo momento, agora são os meus filhos que estão comigo. Nós construímos a vida nesta casa. Era para ser de tijolos, mas, não dava para comprar três mil tijolos duas vezes, então, fizemos de madeira mesmo. Ela é de parede dupla, original, só a pintura mesmo, que já foi refeita umas cinco vezes”, comentou.
Casal pensou em cada detalhe: ‘Passarinhos me visitam até hoje’
Segundo Kehl, cada detalhe foi pensado por eles. “O muro é de tijolos, esse fizemos depois e meu marido não queria nada muito grande na frente. E eu pensei no jardim, nos passarinhos que visitam aqui até hoje. Alguns inclusive estão entrando e fazendo ninhos. Eu estou sempre aqui cuidando das plantas e vou continuar assim. Quero viver mais uns tempos, se Deus quiser”, disse.
Como o marido viveu acamado nos últimos dois anos, Reni explicou que saía muito pouco de casa, apenas para ir até a farmácia e a igreja. “Agora eu estou tendo um pouco mais de liberdade, indo no médico, apesar de que aqui é bem difícil conseguir um para te atender. E continuo cuidando da casa. Existem muitas de madeira por aqui, acho que é porque as pessoas eram mais pobre antigamente”, opinou.
Paredes envernizadas, piso lustrado e muita organização
No interior do imóvel da D. Reni, o capricho é nítido e no dia da visita do MidiaMAIS a casa estava impecável: paredes envernizadas, piso de taco lustrado, além de muita organização. São, ao todo, dois quartos, um banheiro, a cozinha e mais um espaço que também virou parte deste ambiente.
“Eu fico cuidando para cupim não entrar. Mas, eu considero aqui muito fácil de limpar, a parede é dupla. O trabalho maior é lá fora e pensei até em pedir a poda de uma árvore, só que precisa pedir autorização da prefeitura”, finalizou, mostrando a vassoura reforçada que usa na limpeza do quintal.
Veja mais fotos da casa de quase meio século:
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