Tereré gourmet e facas inox: 5 coisas na novela Pantanal que matam os pantaneiros de raiva
Dancinha pra boi dormir e sotaque estão no topo das reclamações pantaneiras sobre o remake de Pantanal, da TV Globo
João Ramos, Nathália Rabelo –
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Representados na principal novela do país, sul-mato-grossenses estão mais críticos depois que “Pantanal” estreou e acompanham cada detalhe da nova produção da TV Globo.
Enquanto alguns se derretem pelo folhetim, vendo apenas beleza e perfeição, pantaneiros locais não deixam escapar nada e estão se mordendo de raiva de algumas representações da novela, bem como a descaracterização de certos comportamentos, e equívocos que não passam batido para quem vive no Pantanal.
Confira 5 detalhes do remake que estão matando os pantaneiros de raiva:
Dancinha pra boi dormir
Uma das principais reclamações tem sido a performance que Joventino (Irandhir Santos) fez para um marruá – boi – a fim de domá-lo sem o laço. Peões de raiz estão achando a atuação performática uma “frescura” e se indignaram ao ver um homem que cresceu na lida, peão, ambientando no Pantanal de Mato Grosso do Sul, já com certa idade, “dançando” para “encantar” o boi.
“E a dancinha para fazer boi dormir??? Kkkkk Um fiasco”, comentou um fazendeiro da região. Adriano Fernandes, também das proximidades, declarou: “Achei estranho o peão encantador de boi. Jogou fora o laço para hipnotizar o marruá”, disse. Assista à cena:
João Lopes deixou sua opinião sobre o vídeo acima: “Só não gostei daquele boi marruá, tá muito feio pra ser marruá. Aliás, se eles colocassem um boi nelore o ator não fazia o que fez na frente do boi”, criticou.
Por fim, um internauta sul-mato-grossense debochou da cena. “Gostei da dança que o pantaneiro fez pra pegar o boi. Bem igual a lida no Pantanal kkkk”, ironizou.
Vale lembrar que, na versão original, a cena polêmica não existiu, e o Joventino interpretado por Cláudio Marzo não fez performance nenhuma. Tudo foi uma invenção do remake para contextualizar o poder do personagem com os animais.
Para quem não sabe ou não se lembra, Joventino se tornará o Velho do Rio, uma espécie de guardião do Pantanal, que entende os bichos e se transforma em sucuri.
Sotaque
Outro problema no remake global tem sido os sotaques dos personagens, que variam muito e não se parecem nada com a forma como falam os moradores da região pantaneira. Nas redes sociais, sul-mato-grossenses afirmam que está uma mistura dos sotaques nordestino e mineiro. De fato, os atores Renato Goes e Irandhir Santos, que vivem Zé Leôncio e Joventino nesta primeira fase, são do nordeste brasileiro e não conseguiram suprimir tanto os vícios linguísticos para interpretarem peões da lida.
“Esse sotaque? Nunca que sul-mato-grossenses falam desse jeito”, disse um leitor do Midiamax. “Verdade, a nossa linguagem é bem diferente”, concordou outra leitora. “Fizeram com sotaque mineiro”, disse um terceiro.
Fernando Barros comentou: “O pior é mostrar um Pantanal estereotipado da pior qualidade, com personagens falando como se fossem nativos do interior paulista ou mineiro”. Outra moradora das regiões que cercam o bioma foi além: “Pior é ver personagens pantaneiros falando igual piracicabano… Cadê o sotaque do Pantanal? Tá parecendo sertão nordestino”, disparou.
É importante ressaltar que a trama começa mostrando Joventino e Zé Leôncio no interior de Goiás, já em comitiva, sem especificar de onde os dois realmente são, dando a entender que foram criados pelo Brasil. Mas é fato que eles não são de Mato Grosso do Sul.
Tereré ‘Nutella’
Nem o tereré passou batido. A história ainda está no passado, por volta dos anos 90, e o tereré só apareceu servido com garrafas térmicas estilizadas, para a fúria dos pantaneiros da região.
“Aiii kkkk eu achando que iam falar sobre eles tomando tereré na garrafa térmica, sendo que a novela ainda vai evoluir”, disse uma fã. “Tereré gourmetizado, só na garrafa térmica… ah tá”, reclamou outro. “Onde que pantaneiros ficam tomando tereré assim”, disparou um terceiro.
Figurinos e acessórios
Jovem de 23 anos que prefere não ser identificada e cresceu em fazenda, sempre em contato com peões pantaneiros e até com os mesmos costumes, conta que em sua casa todos estão observando tudo com atenção.
“Onde que pantaneiro usa faca de inox? Tem uma parte que mostra certinho eles tirando a faca do cinto, na guaiaca, é faca de inox. Pantaneiro não usa cabo de inox nunca, usa faca com cabo de madeira que faz ali na hora”, comenta a jovem.
“Outra coisa, o laço, tudo errado. Nooossaaa senhooraaa! Pensa meu pai assistindo ‘olha aí o laço, nem é assim que faz’, tá muito engraçado”, diz ela, rindo. “E outra, o berrante que o véio deu pra outro cara lá, que era um berrante que acompanhou ele anos e anos, o couro do berrante não tava nem surrado, tava branquinho ainda, limpinho…”, demonstra, explicando que quanto mais velho o couro, mais escuro ele fica.
“Vai ficando, sovado, sujo, escuro. Berrante é um trem que cê usa no meio da poeira, fica encardido, empoeirado, e o berrante que ele deu para o cara estava até brilhando”, compara. Apesar disso, a jovem afirma que muitos detalhes também estão fieis aos costumes. “São coisas que pessoas que são de fazenda acabam reparando, mas pra quem não vive de perto essa realidade, passa batido. De qualquer forma, estou amando a novela”, finaliza ela.
Leitora do Midiamax endossa a observação acima. “Furos e mais furos, figurino ridículo, totalmente fora de época, objetos e falas sem sentido!!! Vamos ver se melhora!!!”, opina.
Memes regionais sobre Pantanal
Confira abaixo uma seleção de memes regionais, que estão explorando muito bem o conteúdo apresentado pelo remake de “Pantanal”, a novela das nove da TV Globo ambientada em Mato Grosso do Sul:
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