Em MS durante ano sabático, dinamarqueses fazem pai mudar a ‘cultura do vestibular’ em casa

Jovens europeus possuem um período para viajar e escolher a carreira, enquanto no Brasil pai avalia que sociedade impõe estudante formado aos 21 anos

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Jovens dinamarqueses visitando pontos turísticos de Campo Grande. Foto: Redes Sociais/Reprodução

A imersão em uma nova cultura é geralmente o principal motivo de um intercâmbio. Sozinha ou em grupo, a pessoa sai do seu país de origem e vai trocar experiências, ver gente nova, degustar outros alimentos e mais: conhecer outras profissões para entender qual pode ser a sua. É justamente o que aconteceu em uma casa de Campo Grande, na qual o empresário Gil Magalhães, de 59 anos, recebeu 17 estudantes dinamarqueses e até mudou o pensamento relacionado à educação do filho, orientando-o a viajar antes de escolher a própria carreira. 

“Eu trabalho com turismo e tivemos grande impacto nestes dois anos de pandemia, sofrendo com a falta de turistas. Agora estamos a todo vapor. E recebi, nestes últimos dias, muita gente de passagem por aqui, com destino ao Pantanal e Bonito. É o sétimo grupo este ano e todo mês tem um praticamente. No caso destes estudantes, que têm entre 14 a 17 anos, está sendo uma experiência emocionante não só para eles, mas, na minha casa também. A cultura escandinava é completamente diferente da nossa e está me ensinando muito”, afirmou ao Jornal Midiamax o empresário. 

Alguns dos jovens turistas em passeio no município de Bonito. Foto: Redes Sociais/Reprodução

Quando fala no aprendizado, o empresário se refere à percepção que teve com os adolescentes e o fato de repassar isso ao filho, que logo irá prestar vestibular. “Na cultura escandinava, assim que termina os estudos, o ensino médio no caso, o adolescente deve ter 2 anos sabáticos, para viajar muito, conhecer outras culturas e aí sim pensar o que quer ser da vida. É algo muito interessante e, em casa, a gente estava vivendo justamente o contrário, com a loucura do nosso filho de 17 anos, estudando muito para o Enem [Exame Nacional do Ensino Médio]”, explicou.

Orientado pela agência que o contratou, o empresário leva o grupo para passeios, tanto em Bonito, na região sudoeste do Estado, como no pantanal sul-mato-grossense. “Falo inglês fluente, então eu recepciono os grupos e os levo para os passeios. Já em casa, conversei com a minha esposa sobre a pressão da sociedade, que quer um jovem muitas vezes formado aos 21 anos, por exemplo. Estou tentando mudar isso, falando pro meu filho fazer uma viagem antes de decidir a carreira, conhecer outras culturas, mesmo a contragosto da minha esposa. Acho que ninguém tem que ser subjugado tão cedo assim”, argumentou.

Jovens passaram pelo RJ, SP, MS e agora estão rumo à Argentina. Foto: Redes Sociais/Reprodução

Intercâmbio faz jovem “abrir a mente” 

Durante os passeios, até o momento, Gil percebeu o quanto essas experiências são agregadoras para os jovens. “Eu levo eles para dançar, para passeios e eles ficam encantados com tudo. Estão abrindo a mente, tendo novos olhares em um percurso que inclui Rio de Janeiro, São Paulo, Campo Grande, Bonito, Pantanal e Argentina. Até a questão do reflorestamento nós tivemos, com a plantação de árvores feitas por eles”, relembrou. 

Nascidos em um local onde o sol aparece por “poucas horas”, os estudantes ainda aproveitaram para brincar de futebol e contemplar a natureza. “Eles são apaixonados pelo calor, pelo nosso clima. Querem tirar muitas fotos, viver intensamente a experiência. A minha primeira filha, infelizmente, não viveu isso. Nós a forçamos a estudar engenharia e, após 2 anos, ela mudou de curso. Hoje é publicitário e, graças a Deus, está muito bem na área dela, é bem rápida com computador e agora está fazendo algo que gosta. Talvez ela não precisasse ter passado por tudo isso”, finalizou. 

Veja vídeo de alguns momentos dos jovens dinarqueses em MS:

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