Conheça a jiboia arco-íris vermelha que brilha na luz e vive com humanos em Campo Grande

Dona conta que já foi mordida sem querer pela jiboia arco-íris: “não dói mais que uma grampeada”

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Mansa e amiga
Mansa e amiga

Pet de família campo-grandense, a jiboia Oá é o xodó da casa e acaba de completar três anos e três meses. Vivendo na Capital sul-mato-grossense desde abril de 2019, o pet exótico é fascinante por sua cor avermelhada, mas, principalmente, por ser um animal iridescente — que reflete as cores do arco-íris em sua pele quando exposto a qualquer tipo de luz direta.

É justamente por esse motivo que a espécie leva o nome de jiboia arco-íris. “É uma jiboia arco-íris da Amazônia. Minha mãe sempre gostou de serpentes e eu sou apaixonada por animais também, então quando ela decidiu fomos pesquisar a respeito, principalmente as leis que regulamentam”, conta a estudante de física Aurora de Arruda, dona de Oá junto com a mãe, Maria Janete.

Para este tipo de pet, a principal recomendação é que seja uma corn snake (cobra do milho), que é comercializada nos Estados Unidos em vários pet shops — por ser inofensiva e ter varias cores. Entretanto, é proibida no Brasil, já que não faz parte da fauna brasileira, mas houve épocas em que ela era legalizada e, por isso, é muito fácil encontrá-la a venda ou alguém que ainda a tenha como animal de estimação.

“Como não podíamos obter legalmente uma corn snake, optamos por uma jiboia, já que essas são permitidas com a documentação necessária. Encontramos uma empresa, que é uma das poucas permitidas no Brasil a criar e vender jiboias, e, entre as opções, ficamos encantadas com a cor das jiboias arco-íris da Amazônia. Fizemos uma reserva. Ela nasce e, após um tempo, fica apta pra ser adquirida, vem de avião, buscamos no aeroporto e pronto”, relata Aurora ao MidiaMAIS. Veja no vídeo abaixo o efeito luminoso na pele do animal:

Oá foi adquirida pelo valor de R$ 2800, incluindo o frete de avião. A dona explica que existem algumas subespécies de jiboias arco-íris: da Caatinga, Cerrado, Amazônia e Mata Atlântica. Entretanto, sua cor não é de um arco-íris e cada espécie tem colorações diferentes. “A minha é vermelha”, ressalta a estudante de 18 anos. “Ela é a jiboia arco-íris da Amazônia mais mansa que já tive conhecimento, afinal pedimos o indivíduo mais manso para o tratador”, afirma.

“Ela vai com qualquer pessoa sem problemas, com crianças, e nunca tentou atacar propositadamente. As únicas ocorrências que tivemos foram dela errando botes no alimento por estarmos perto e, por ela ser praticamente cega, acabou acertando a gente, mas não é nada preocupante. A mordida dela, principalmente pelo tamanho atual, não dói mais que uma grampeada e sai algumas gotinhas de sangue que se lavar para de sair”, comenta Aurora, com bastante tranquilidade.

A acadêmica de física destaca que é importante ressaltar que quando ocorre um acidente e uma jiboia morde alguém, existe um cuidado para que não haja complicações. “As jiboias nunca vão tentar se alimentar de humanos. Histórias e boatos de cobras comendo donos são quase em sua totalidade falsos, uma vez que somos muito grandes para elas se alimentarem, demandaria um esforço enorme para nos imobilizar e não poderiam nos ingerir, afinal, não arrancam pedaços ou mastigam. Além do mais, uma jiboia com alimentação regular ideal não tem motivo para tentar se alimentar de um humano”, afirma ela.

Oá atualmente está com 1,40 metros (Fotos: Arquivo Pessoal)
Oá atualmente está com 1,40 metros (Fotos: Arquivo Pessoal)

 

Carinho e cuidados

Aurora conta que a família toda ama Oá. A serpente mora em uma casa de Campo Grande com a estudante de física, a mãe, Maria Janete, o pai e a irmã de Aurora. “É um animal extremamente seguro, só exige cuidados diferentes dos habituais, mas também precisa de carinho e manejo, se não for manuseada regularmente pode começar a ficar insegura, mas nada que um tempo de cuidado não resolva”, pontua.

“Fazer carinho em uma cobra pode ser um pouco frustrante, não vou negar. Ela expressa muito pouco, mas é possível notar que prefere alguns tipos de toque, como na cabeça. A alimentação é feita normalmente com ratos de 10% a 20% do peso dela, nós optamos pela alimentação de ratos comprados já mortos no biotério. Ela come, em média, de 13 em 13 dias durante a primeira fase da vida. Na fase adulta, é comum demorar 1 mês para se alimentar e, em determinadas épocas do ano, alguns indivíduos podem se recusar a comer por 3 meses”, garante.

Após a alimentação, Oá fica escondida em sua toca no terrarium e não deve ser incomodada pelo risco de regurgitar o alimento — o que não é agradável para ela, que pode se ferir com unhas, por exemplo. “Alguns donos optam por alimentá-las com ratos vivos, isso é, até certo ponto, mais saudável para a jiboia, mas instiga ela a botes e caça, mesmo que de forma atenuada das selvagens, e reflete no comportamento do animal até com os humanos”, alerta Aurora.

Os gastos com alimentação são bem mais baratos do que com gatos e cachorros, afirma a dona. Mas isso depende da idade e peso das cobras. “A minha está comendo a cada 20 a 25 dias um rato de 10 reais, então é uma alimentação barata. Já os gastos com veterinários têm suas peculiaridades, pois é difícil encontrar veterinários que aceitam avaliar serpentes. São tidas como exóticos, o que reflete muito do preço da consulta”, conta.

Jiboia foi fotografada em várias fases da vida. Na imagem acima, ela em registro mais recente, e também quando ainda era um bebê (Fotos: Arquivo Pessoal)
Jiboia foi fotografada em várias fases da vida. Na imagem acima, ela em registro mais recente, e também quando ainda era um bebê (Fotos: Arquivo Pessoal)

No entanto, é extremamente raro precisar passar por um médico. “Nossa Oá foi vermifugada e foi ao veterinário a última vez antes de vir para casa, isso se dá porque a alimentação dela é feita com ratos em ambientes controlados e livres de doenças, justamente porque eles são para alimentação. Existe um cuidado maior inclusive no abate, que é indolor”, comenta.

Oá bebe água e, para Aurora, assisti-la fazendo isso é um evento legal. “Ela possui uma abertura na boca mesmo quando fechada, para que utilize a língua para analisar o ambiente, colocando para fora da boca, e quando vai beber água, bebe por esse buraco sugando o líquido. É curioso e ela comumente passa minutos bebendo”, narra.

Responsabilidade e julgamento

Ter uma cobra em casa implica em responsabilidades judiciais. Oá possui um chip que contém as informações a respeito de sua documentação e serve para o Ibama ter um controle. Não é permitido de forma alguma descartar na natureza. O dono responde legalmente por fugas ou acidentes. Além disso, é possível vendê-la de volta ao local em que foi comprada e o estabelecimento se encarrega pela responsabilidade do animal.

“Eu já recebi sim julgamentos, alguns pertinentes como o fato de ser um animal que não tem instinto e histórico de criação em casa, mas também existem as críticas nada pertinentes, que vêm de um preconceito difundido socialmente de medo de cobra, que é necessário matar e que são animais ruins, o que não é verdade”, argumenta Aurora.

Para ela, a criação e os cuidados fazem toda a diferença. “Eu costumo dizer que um cachorro pode se tornar uma grande ameaça ou pode abanar o rabinho com carinho na cabeça enquanto usa uma roupinha, o que significa que a criação, os cuidados, todos eles importam mais que isso. Animais não são malignos, afinal, eles não têm maldade, eles têm instinto, natureza… e muitos predadores são vistos com maus olhos pelos humanos, mas são os humanos que veem isso como ruim, os animais só seguem instintos”, finaliza a estudante.

Gatinha da família é amiga de Oá (Foto: Arquivo Pessoal)
Gatinha da família é amiga de Oá (Foto: Arquivo Pessoal)

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