A campo-grandense Ligia Prieto, de 35 anos, celebra seus 22 anos de carreira como atriz acumulando conquistas seguidas e dando largos passos na trajetória da arte. A longa experiência e o talento lhe garantiram uma participação pra lá de especial na novela “Pantanal”, guardada no peito com muito carinho.
A cena foi exibida no capítulo do dia 6 de agosto e também contou com a aparição de outra atriz sul-mato-grossense, Brenda Reis, de apenas 5 anos. Na sequência, Ligia contracenou com Isabel Teixeira, a Maria ex-Bruaca na chalana de Eugênio, vivido por Almir Sater.
Maria serviu um prato de comida e entregou para a personagem dela, que representava a mãe de duas crianças. A então chalaneira também serviu coca-cola para elas e elogiou a “família”. Em um longo diálogo, Lígia e Maria refletiram sobre o passado de Bruaca e sua vontade de ter muitos filhos.
Breve, a participação foi muito especial para a atriz campo-grandense, e tudo começou com uma ligação. “Estava terminando uma série em Mato Grosso, a produtora da Globo ligou, já tinha entrado em contato outras vezes, pedindo para enviar material, mas eu não enviei porque estava envolvida nesse outro projeto. Só que ela ligou novamente nos últimos dias de gravação da série e me convidou para fazer a personagem, falando ‘Esse é rápido, você vem e já volta, vê se consegue'”, conta Ligia ao MidiaMAIS.
Tudo deu certo, a atriz voltou para Campo Grande e conseguiu fazer a ponta, que mudou completamente sua dimensão sobre o pantanal. “Não sabia que era tão longe, são mais de 30 porteiras pra abrir. Foi muito divertido, o motorista que levou a gente era um barato. Então já foi muito gostoso desde a ida, foi muito leve”, relembra.
Bastidores
Ligia relata que já havia uma ansiedade, um nervosismo, no ar, apesar de atuar há mais de duas décadas. A Globo, sendo uma das maiores produtoras do país, e a novela sendo atualmente o maior projeto artístico do Brasil, provocaram essa sensação. “Será que eu vou conseguir fazer o meu trabalho direito, será que eu vou ficar muito nervosa? Mas depois passou”, diz a intérprete.
Sobre ter convivido com artistas famosos e renomados, ela comenta não ter um “lugar de fã muito grande”. “Não venero muito as pessoas. Acho que todo mundo tem o seu caminho, tem seu trabalho, suas escolhas e, muitas vezes, suas chances específicas por determinados motivos. A gente está fora do eixo, embora seja uma novela gravada aqui, a gente sabe que é mais difícil conseguir um papel, um trabalho na Globo”, pontua.
“São 22 anos entrando em cena e aquelas pessoas também, mas de formas e mecanismos diferentes. Todo mundo ali é muito experiente, tem algumas pessoas também que são menos experientes, mas que já começaram na televisão, ou que já estão no RJ e conseguem tem um acesso diferenciado à arte e à cultura, que a gente não tem aqui em Mato Grosso do Sul”, reflete.
Nas instalações da equipe, em fazendas no pantanal sul-mato-grossense, Ligia dividiu o quarto com atrizes de destaque no folhetim. No primeiro dia, foi com Aline Borges, que dá vida à Zuleica no remake. “Maravilhosa, tudo que ela passa de energia nas redes sociais é ela mesmo, é uma mulher incrível. E depois eu dividi os outros três dias com a Dira Paes, que também foi uma delícia de troca, de contar história, de dormir tarde, de ficar conversando e colocando a realidade em dia”, conta.
Cena com Isabel Teixeira, a ex-Bruaca
Para Ligia, entrar em cena com a intérprete de Bruaca foi muito interessante. “Porque, na verdade, não tem tempo, a Isabel estava exausta, ela já estava há horas lá gravando na chalana um monte de cena. Atrasou um pouco a minha cena, e ela estava já cansada de muitas gravações, lá não tem pausa, todo mundo trabalha muito”, revela.
“Hoje talvez você não tenha filmagem, mas nos dias que você tem, vai gravar o dia inteiro. E a galera fica exausta. É uma ralação muito pesada e bonita de se ver. Isso é muito valoroso, de ver ali o trabalho acontecendo, com uma dignidade, com um respeito, um afeto entre todos eles e você entrar ali naquele momento também dessa forma”, detalha.
A sequência já estava em andamento quando ela entrou. “Eu entro e faço, e não tinha muito tempo de ficar nervosa. A Isabel é muito boa, é curioso porque você chega, ela já olha pra você e te passa total confiança. Que ‘não se preocupe, fica tranquila', que ‘vai dar certo'. A gente não teve muita conversa não, chegamos, entendemos a cena… O diretor foi um carinho, a equipe inteira foi muito atenciosa no momento da gravação. E aí já rodou a cena assim… Antes eu falei ‘vamos passar o texto uma vez?', a gente passou rapidinho e acabou”, compartilha.
“É muito legal entrar em cena com quem sabe mais que você, porque você aprende e fica livre ao mesmo tempo. Que quem não é tão experiente assim e domina tanto a cena te carrega também, não afrouxa essa relação, não diminui você. Vim de um longa metragem, depois fui pra uma série e caí na novela. Então eu tive uma experiência de audiovisual e de grupo muito grande de trabalho em pouco tempo”, comemora Ligia.
Conversa com Dira Paes
Ver a estrutura, a engrenagem montada pela Globo em funcionamento em Mato Grosso do Sul e fazer parte disso foi muito emocionante para a atriz campo-grandense. Em uma conversa íntima com Dira Paes, Lígia ouviu uma ponderação da Filó de “Pantanal” após dizer: “É uma participação pequena”. Dira então respondeu: “Podia ser qualquer coisa se não fosse no maior evento artístico do país”. “E é verdade, não é qualquer coisa. Foi muito bonito estar lá com essas pessoas”, relata a atriz.
“Há 22 anos eu trilho um caminho que me leva pra muitos lugares. E é muito legal quando eu consigo compartilhar esses lugares com todo mundo, as pessoas que eu amo e que me amam. Pra mim, foi uma honra fazer parte desse projeto e a agenda segue se movimentando para outros trabalhos agora”, conclui ela”.
Os próximos passos? Ela adianta ao MidiaMAIS. “Tenho alguns roteiros prontos. Então já começo esse mês a gravar ‘Na sombra da chuva', que é um curta meu. Como artista, permeio muitos lugares. Eu escrevo, atuo, dirijo. Na escrita, por exemplo, eu sou um dos 100 perfis da dramaturgia contemporânea do Brasil. Então eu tô aí, né? Acho que são os primeiros passos de uma jornada que pessoas do Brasil inteiro vão poder acompanhar já já”, finaliza, feliz com os frutos.
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