Instagram, Facebook, Twitter, Tinder… há várias que parecem ser inerentes à existência moderna. Você pode pensar em fugir delas, mas sempre retorna, seja pelo trabalho ou por alguma curiosidade. As redes sociais têm o seu lado positivo e negativo. Vemos muitas pessoas bacanas, com projetos incríveis, mas também observamos muitas pessoas compartilhando um estilo de vida/corpo inalcançável para a maioria da população.

Se ‘desligar das redes' se tornou tendência, um sinônimo de bem-estar e mindfulness. Atualmente, é de conhecimento geral a toxidade e o efeito negativo das mídias sociais para a autoestima, bem-estar e produtividade. Com isso iniciamos um movimento de desligamento/afastamento como um luxo, um aproveitamento de tempo de qualidade, e essa atitude acabou se tornando, além de uma tendência, um exercício diário para muitas pessoas.

“O ponto principal é a dificuldade das pessoas de aceitar a diversidade de opiniões a diversidade de informações, de maneiras de ser. Então as pessoas já ficam o tempo todo com prejulgamentos, criticando e desrespeitando o outro. Acaba sendo uma violência, muitas pessoas são violentas verbalmente e isso é desrespeito, gera um desgaste”, explica Francisca Flávia Costa, psicoterapeuta de adolescentes e adultos, especialista em terapia cognitivo comportamental.

Se temos toda essa consciência de que as redes sociais fazem mal para a nossa saúde mental, por que acabamos sempre voltando? E justificando a ausência com o fato de ter passado por um tipo de “insta-burnout”, e que agora estamos melhores e aptos a recomeçar esse círculo vicioso?

Notificações e prazer 

Bem, a explicação é simples e cruel: somos geneticamente programados para isso. Exatamente isso que você leu, as redes sociais foram programadas para ativar um gatilho de dopamina no nosso sistema, a cada vez que recebemos uma notificação. Nosso neurotransmissor mais amado e idolatrado dispara uma fagulha de bem estar no nosso cérebro assim que recebemos uma notificação. Somos seres sociais, e qualquer comunicação, mesmo não presencial, afeta nosso cérebro.

Pensando nisso, as redes sociais foram desenvolvendo diversas ‘armadilhas' que são capazes de nos prender por horas, como por exemplo, a aba “explorar” do Instagram. Quantas vezes você já ficou preso ali por horas embaixo de uma avalanche de conteúdos dos mais diversos tipos (mas claro, pré selecionados de acordo com suas pesquisas e atitudes online) sem conseguir parar de rolar a tela pra baixo? Imagino que muitas vezes, e eu também.

Redes sociais e autoestima

Sem mencionar a vontade de continuar olhando os feeds perfeitos, tão distantes da sua realidade e fazer despencar sua autoestima, sendo que pouquíssimo daquilo ali é real. Temos medo de não saber das coisas, de “estar por fora”, e com a velocidade e quantidade em que as informações chegam até nós, 1 hora sem pegar o celular para verificar se torna uma eternidade. Fora a validação que os likes e as visualizações trazem quanto maiores forem. E não deveria ser assim. 

Nós nos tornamos viciados aos nossos smartphones e a luz que brilha nas telinhas (sabia que a luz azul das telas atrapalha a produção de melatonina no seu corpo? Sim, o hormônio que regula o ciclo do sono) acaba parecendo mais brilhante do que o sol que brilha lá fora. Quantas horas por dia você passa em frente a uma tela e quantas admirando a natureza?

Como resolver? 

Apesar de tudo isso, com pequenas atitudes podemos diminuir nosso tempo on-line e utilizar as redes sociais de forma consciente! Além disso, é sempre bom repensar os motivos de estar presente em uma rede social e se manter firme neles para não se distanciar do foco inicial.

“Nós precisamos aprender a lidar com tudo isso. Precisamos ter em mente o propósito e nunca fugir do foco. Por exemplo, ficar fazendo isso em busca de aprovação de reconhecimento de todos supondo que as pessoas vão sempre ser respeitosas com a opinião. Infelizmente, isso não acontece. Temos que aprender a ser flexíveis e a lidar com essas situações de alguma forma. É claro que se a pessoa estiver num esgotamento emocional, se toda essa crítica que ela tiver recebendo tiver gerando estresse, acho importante que ela se afaste e consiga se cuidar”, finaliza a psicoterapeuta Francisca Flávia Costa.