Há cerca de 3 anos, quando se mudou para um apartamento no centro de Campo Grande, a professora Adriana Klein percebeu que havia um gavião dentro da caixa do ar-condicionado de seu quarto, no 12º andar. 

“Tinha intensão de quebrar a caixa e descer o motor do ar-condicionado, mas comecei a ver todos os dias um gavião na caixa”, explicou a professora, que decidiu não mexer no ninho e deixou o equipamento em cima da caixa.

O marido de Adriana, o engenheiro agrônomo Fernando Klein é quem acompanha o dia a dia da ave. “Ele que identificou”, disse.

O casal filmou uma aula de voo que o filhote de gavião estava tendo com a mãe. “Embaixo da caixa é vazado. O filhote chega na beirada e se joga”, conta Adriana.

Celeiro de aves

Apesar de ser conhecida por abrigar araras e tucanos, a Capital sul-mato-grossense também apresenta grande variedade de aves do cerrado.

Para o biólogo José Milton Longo, as condições da cidade favorecem a diversidade de espécies. “Campo Grande tem muitos córregos, áreas de APP [preservação permanente] com bastante arborização e matas ciliares, que oferecem recursos e condições para que se tenha diversidade de aves de forma bem representativa nessa área de cerrado”, explicou.

O especialista explica que o cenário urbano, depois de instalado com os prédios, fiação e construções, favorece a reprodução de algumas espécies. “Tem espécies que se adaptam bem ao ambiente urbano e melhoram seu status reprodutivo como o pardal e quero-quero, por exemplo, que melhoram sua performance reprodutiva e de sobrevivência”, afirma.

Outro exemplo é o próprio gavião que fez ninho na caixa de ar-condicionado de Adriana ou os bem-te-vis que ocupam transformadores da rede de energia. “Campo Grande reflete bastante essas condições de oferecimento de recursos para essas aves, tem bastante parque e fundos de vale, que são favoráveis à aves nesses locais”, concluiu.

Veja o vídeo com o filhote de gavião aprendendo a voar na caixa de ar-condicionado em Campo Grande: