A do trouxe inúmeras dificuldades para todos os setores da sociedade. Colapso no sistema de saúde, alto nível de desemprego e crise econômica são apenas algumas consequências dessa doença que atingiu o mundo. Em meio a uma realidade incerta, campo-grandenses superaram o medo para conquistarem os seus respectivos sonhos.

É o caso de Vicente Corazza, 45 anos, que inaugurou um restaurante especializado em parmegiana no mês passado na capital. Indo contra tudo que o impedia de investir num empreendimento neste momento, ele decidiu arriscar.

[Colocar ALT]
Vicente abriu restaurante especializado em parmegiana (Foto: Arquivo Pessoal)

A ideia de abrir o restaurante já existia há muito tempo, mas foi durante a quarentena que o desejo ficou mais forte. Receoso se deveria investir ou não, Vicente teve o apoio da família.

“Tinha essa ideia há muito tempo. Foi a pandemia que me motivou, mesmo preocupado com o poder aquisitivo do campo-grandense o delivery ficou muito forte agora”, explica. Como as pessoas não estão saindo de casa, local é focado nas entregas.

Para ele, perceber a preferência das pessoas durante a quarentena foi fundamental. “Decidimos pelo Delivery pois como está muito restrito a saída nas ruas e o cliente está gostando do sistema. A grande maioria prefere comer em casa”, contou Vicente.

Gabriela Castilho Neves, 29 anos, é cirurgiã dentista que também abriu o próprio negócio no fim de abril deste ano. Voltada para o comércio de jalecos, a loja une três paixões: empreendedorismo, odontologia e moda para o trabalho. Ela e o sócio ficaram inseguros no início, mas o sonho foi maior do que qualquer dificuldade. E foi assim que eles acreditaram que tudo iria dar certo.

Sempre envolvida com vendas, Gabriela explica que o seu maior diferencial é a experiência com o cliente. “Em suma acredito que não exista fórmula do sucesso, mas a humanização do atendimento sem sombra de dúvidas é essencial em tempos de distanciamento social, ‘aproxima'!”, diz a empresária.

Para ela, independente da pandemia, abrir a loja é uma conquista pessoal, a concretização de um sonho que foi planejado com muito carinho.

Gabriela conseguiu abrir a loja em Campo Grande (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Conquistando um diploma

A pandemia também afetou o setor da educação, tanto nas escolas quanto nas faculdades. Para quem desejava se formar em meio à crise, o ano de isolamento social foi um verdadeiro desafio. Jamille Marie Merege, 23 anos, se formou em direito em 2020 após passar por diversas mudanças.

“Nunca deixei de me dedicar, mas faltou um pouco “gás” no final do semestre, principalmente nas matérias em que eu tinha dificuldade. No geral, apesar do começo ter sido um pouco confuso, acredito que eu tenha me adaptado bem a essa realidade, mas confesso que ainda prefiro estudar presencialmente”, disse a bacharel em direito.

Jamille pensou em trancar a faculdade, mas permaneceu os estudos após ver que as aulas continuavam normalmente no formato online. Além disso, faltava muito pouco para conquistar o diploma. Para ela, o ensino remoto também teve as suas vantagens por conseguir ter mais tempo e tranquilidade na hora de cumprir as atividades acadêmicas.

Jamille defendeu o TCC por vídeochamada e conquistou o diploma em bacharel e direito (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Na apresentação do TCC, defender a tese por videochamada trouxe mais informalidade do que se fosse frente a frente com os professores. Isso deixou ela mais calma.

“Não é fácil continuar focada nos estudos quando vemos que o mundo parou por conta da pandemia. Acredito que todos que ingressam em uma universidade sonham com o dia de se formar e, infelizmente, com a pandemia, muitos (não só acadêmicos) não puderam continuar os estudos por não ter acesso a ou não ter um bom computador para realizar os trabalhos/pesquisas. Minha motivação era pensar que faltava pouquinho para estar formada, mesmo com essas adversidades, eu ainda tinha o privilégio de me formar”, explicou a jovem.

De gerente a empresária

Durante a pandemia, muitas pessoas descobriram o instinto empreendedor na hora de ter uma renda extra. Foi o que aconteceu com a Tatiane Stabullo, de 38 anos. Ela trabalhava como gerente de um hospital de Campo Grande quando decidiu se afastar do emprego para ficar com o filho em casa. Ela também atuava como maquiadora aos fins de semana. Porém, os eventos acabaram e os trabalhos também.

[Colocar ALT]
Tatiane criou negócio de tiaras enfeitadas na capital (Foto: Arquivo Pessoal)

Foi assim que ela começou a produzir tiaras elaboradas. Inicialmente como um plano emergencial, logo as vendas aumentaram. Agora, ela tem o próprio negócio em expansão.

“Eu fiquei apaixonada no trabalho, nunca na vida imaginava criar tiaras, fazer peças do zero, costuradas, fazer parte de aniversários, casamentos, bodas, batizados. Não me vejo parando”, disse Tatiane.

O amor é mais forte 

Os apaixonados também não conseguiram fugir da pandemia. Quem pretendia se casar entre 2020 e 2021 se deparou com uma lista de adversidades. A engenheira civil Isabelle Gusso contou ao Midiamax que suas ideias de casamento foram mudadas por causa do Covid-19. Mas como ela e o marido sempre pensaram em uma celebração minimalista, foi mais fácil de fazer adaptações.

O casal ficou noivo em março de 2020, logo no início da pandemia. Eles não faziam ideia do que estava por vir, então pensaram em fazer um cruzeiro em 2021. Contudo, a ideia foi deixada de lado ao passo que o Covid-19 não dava sinais de melhora. Foi assim que Isabelle e o marido pensaram em reunir a família para um almoço especial e restrito.

“A única coisa que ficamos preocupados foi com os horários de fechamentos. E como na época ainda não tinha confirmação sobre ter que acabar às 20h ou 22h, acabamos optando por fazer um almoço ao invés de jantar”, explicou a engenheira civil. Então, após um ano do pedido de noivado, o casal conseguiu oficializar a união.

Casamento entre Isabelle e Rafa reuniu apenas familiares (Foto: Diego Souza)