Não é de hoje que as peças feitas de crochê dividem opiniões nos círculos sociais e, principalmente, na Internet. Adaptáveis a qualquer universo ou objeto, a técnica está amplamente presente nos botijões de gás, cobrindo filtros de água e decorando as casas brasileiras. Enquanto uns odeiam, outros amam. No entanto, independente de opinião, os crochês nunca saem de alta e estão no hype de Campo Grande.

Para a artesã Terezinha Fabris, de 63 anos, os crochês são peças finas e de alta qualidade. Assim, só é apreciado por quem entende a peça e tem condições de pagar. 

“O crochê é um trabalho, na minha opinião, de primeira linha que vem desde o tempo da vovó. Todo mundo faz crochê, tem gente que pensa que é brega, outros chique, clássico. Mas, na minha opinião, o crochê é um trabalho de primeira linha que vem bem dos antigos. E só pode ter o crochê quem pode pagar”, afirma.

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Amigurumi feitos por Terezinha (Foto: Arquivo Pessoal)

A profissional trabalha com a técnica desde os 11 anos, quando aprendeu com a sua mãe. Atualmente, a artesã faz vários tipos de encomendas, desde peças decorativas até os bonecos amigurumi.

“Normalmente a gente faz o que o cliente pede, então eles pedem muito puxa-saco, tanto para trabalhar com linha fina ou com linha grossa, barragem para panos de prato, toalhinhas de bandeja. Então depende muito, a gente vai fazendo conforme o cliente vai pedindo”, disse Terezinha. 

Ela também contou ao Jornal Midiamax que a estética do produto final varia de acordo com o material usado. Enquanto linhas finas resultam em peças mais delicadas e elegantes, as linhas grossas proporcionam trabalhos mais robustos. Por isso, é uma técnica complexa que depende de muito conhecimento. 

“Você pega um fio, um novelo de fio, e tece aquele fio todinho […] As pessoas gostam muito do crochê porque ele valoriza muito a peça ou ela sendo só de crochê”.

Ou seja, independente das opiniões divergentes que existem por aí, o crochê resiste a décadas e ainda é um dos queridinhos para os consumidores, especialmente para dar de presente. Além do e Ano Novo, Terezinha afirma que a demanda de encomendas é alta o ano inteiro. 

“O público que compra é aquele que valoriza o crochê, porque aquele que não valoriza acha caro, mas como já te disse, o crochê não é caro, ele é um trabalho de primeira linha”, conclui a artesã. 

E quem pensa que crochês são bregas, está na hora de repensar. A técnica está ganhando cada vez mais visibilidade no mundo da moda. Com coleções exclusivas em Campo Grande até nas passarelas de grandes eventos, o crochê sempre está presente.

Crochês na moda

A estilista Nair Gavilan Carvalho lançou, no início de 2021, a coleção “Da Terra” em Campo Grande, com a proposta de levar o crochê ao vestuário feminino como uma releitura do passado. Para ela, o manuseio dos fios sempre está presente em coleções brasileiras, principalmente de moda praia, por ser considerada uma técnica atemporal. 

A especialista afirma: o crochê está em alta, especialmente agora com a maior procura pela sustentabilidade. “Ele remete ao passado, é uma técnica milenar, que as mulheres sentavam na varanda de casa com outras da família para crochetar. Por ser manual, elas faziam rodas de conversas”, contou Nair. 

O crochê está voando ainda mais longe e alcançando grandes marcas mundiais. “Está voltando com tudo agora por conta que faz o público pensar mais antes de sair, comprando de fast fashion. Comprar produto artesanal, por mais que seja mais caro, tem um valor maior por ser feito por mulheres artesãs, por sair dessa onda de consumismo exagerado”, conclui a estilista.

Enfeitando botijão de gás na casa da avó ou vestindo tendências nas passarelas de moda, o crochê é aquela técnica que conquistou seu espaço ao longo dos anos e, mesmo sendo considerado brega em alguns momentos, e extremamente elegante em outros, é o tipo de trabalho que sempre chama atenção por onde passa e, especialmente, aos olhos de quem vê.

 
 
 
 
 
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