Obra literária de pesquisadores da UEMS concorre ao prêmio Jabuti
A coletânea de livros “Itúkeovo Têrenoe”da UEMS está concorrendo ao Prêmio Jabuti, uma das maiores premiações literária da América Latina
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A coletânea de livros “Itúkeovo Têrenoe” está concorrendo ao Prêmio Jabuti, uma das maiores premiações literária da América Latina. O livro foi publicado em 2019, por meio do Fundo de Investimentos Culturais (FIC) e do Ipedi e é fruto de um trabalho de pós doutorado produzido na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). A organizadora da Coletânea, professora Denise Silva desenvolveu o trabalho de pesquisa e criação dos livros junto a professores indígenas de Miranda, durante a Especialização em Língua e Cultura Terena, oferecida pela UEMS em 2017 e 2018.
A coletânea foi criada para ser utilizada como material didático pedagógico nas escolas indígenas do estado. Escolas de Miranda, Nioaque, Dois Irmãos do Buriti, Campo Grande e Aquidauana receberam a coletânea. “Cada livro aborda uma temática, cultura, dança, instrumentos musicais, contos e lendas, alimentação. Todo esse arcabouço da Cultura Terena, produzido por professores Terenas”, explica a professora Denise Silva.
A produção de livros por professores indígenas foi realizada durante a Especialização em Língua e Cultura Terena, oferecida pela UEMS. O projeto envolveu diversos professores com o desenvolvimento de várias pesquisas na área. Um desses professores é o indígena da etnia Terena, Gérson Rodrigues. Ele é formado em Pedagogia e trabalha como coordenador na Escola Municipal Indígena Extensão José Balbino, na Aldeia Babaçu.
“Participar da Especialização foi uma experiência riquíssima, pude aprender mais sobre a Língua e Cultura do meu povo através da Literatura trazida pelos professores e pelas experiências compartilhadas pelos colegas. Diferente das outras pós-graduação, pude sentir que esta ofertada pela UEMS, tinha sua singularidade, visto que a preocupação por parte da coordenação do curso era desde o momento em que os alunos saiam da aldeia até a alimentação e estadia em Campo Grande. Algo que me deixou bastante feliz foi poder apresentar meu TCC na minha comunidade, esse fato quebra o protocolo de formalidade impostas pelas instituições de Ensino Superior, é importante levar a Universidade até as Comunidades para que os saberes científicos e tradicionais trilhem juntos e ambos sejam valorizados”, conta Gérson.
Hoje, o professor Gérson adota em sua escola a coletânea de livros “Itúkeovo Têrenoe”, solicitando aos professores que usem o material didático com as crianças Terenas. “Não temos muitos materiais pedagógicos indígenas e seria uma barbaridade não aproveitar este, ainda mais tendo colaboradores e autores que são professores na nossa escola”, afirma Gérson.
Sobre o Prêmio Jabuti, Gérson se sente feliz pela valorização da cultura Indígena. “Esse material é importante de várias formas, pois torna-se uma potente ferramenta pra valorização dos nossos conhecimentos e cultura, mostra que somos capazes de produzir materiais que auxiliam na educação escolar indígena e na documentação da Língua Terena, incentiva os nossos professores indígenas a se tornarem pesquisadores, também mostra para as crianças da aldeia que temos um lugar no mundo, que podemos ter representatividade em livros também como autores, como seres que têm suas línguas e escritas em papel, entre outros”, enfatiza o professor indígena.
Para o professor Antônio Carlos Santana, orientador da pesquisa que originou a coletânea, os livros são um marco para a Língua Terena e para o Povo Terena, independente do Prêmio. “É um registro acadêmico-científico de uma língua que se perpetuará para as futuras gerações”, disse o professor Antônio Carlos.
O prêmio Jabuti será anunciado em uma cerimônia on-line no próximo dia 26 de novembro. A coletânea Itukeovo Terenoe concorre na categoria Inovação. “É uma alegria muito grande para nós. É o maior prêmio da Literatura Brasileira e também da América Latina, então saber que nível produzido aqui Miranda pelos professores indígenas pode colocar a Língua e a Cultura Indígena nesse patamar, é um orgulho”, comemora a professora Denise Silva.
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