Campo-grandense de coração, Karen Soarele morou na Cidade Morena por cerca de 15 anos e por aqui construiu o amor pela literatura. Com monstros, combates, guerras e derrubando governos escravagistas, a jovem escritora quebrou barreiras e marcou história no Prêmio Jabuti deste ano – evento organizado pela Câmara Brasileira do Livro que premia os melhores livros brasileiros.

Gênero fora, até então, o Romance de Entretenimento participa pela primeira vez do concurso. Entre os 10 finalistas, Karen quebrou barreiras e fez “A Deusa no Labirinto” ganhar leitores de todas as idades. O sucesso da obra foi tanta que a história também é finalista do Prêmio Ages, da Associação Gaúcha de Escritores.

Quando morava em , além de escritora, a jovem era ilustradora em um studio próprio. O sonho de alcançar novos voos fez Karen sair do Brasil e ir morar no Canadá. A trajetória de sucesso em terras norte-americanas foi interrompida por conta da saudade que ela sentia do “ brasileiro”.

“Fiz processo de migração para o Canadá e fui para lá como ‘artista'.  Eu cheguei com uma espécie de cartão de residente, mas senti muita saudade do Brasil então eu acabei voltando. Sempre achei que nunca ia sentir falta disso, mas quando você está lá é bem diferente e para mim estava tudo dando certo. Joguei tudo para o alto e fui  para Porto Alegre (RS)”.

A cidade gaúcha não foi escolhida por acaso. Foi no Sul do país que Karen encontrou uma editora disposta a investir em suas obras. Foi, a partir de um convite da Jambô, que a escritora começou a criar obras de Tormenta. Classificado como maior universo de fantasia do Brasil, Tormenta começou como jogo de RPG, em 1999,  e, com o tempo, foi inserido no mundo dos , romances é até vídeo-game.

“Comecei a escrever quando tinha 12 anos. Ao longo de 10 anos eu fui desenvolvendo o hábito de criar. Depois que terminei minha pós- decidi escrever o primeiro livro, Línguas de Fogo. Como teve uma boa recepção,  depois foi lançado Tempestades de Areia,  A Rainha da Primavera e A Canção das Estrelas, tudo de forma independente. Entrei em contato com uma editora e eles me convidaram para escrever para Tormenta.”

Prêmio Jabuti

Quando descobriu que havia ficado entre os 10 finalistas da nova categoria do Prêmio Jabuti, Karen não conteve a emoção. A escritora chorou, vibrou e chegou a gravar um vídeo para compartilhar a novidade com os leitores. A Deusa no Labirinto saía da bolha e ganhava, a partir daquele momento, um capítulo único na história dos amantes da leitura.

“Não gosto de classificar, mas algumas pessoas acreditam que exista uma rixa entre a alta literatura e a literatura de entretenimento, que é mais popular. Tenho muito orgulho do que escrevo. Meus livros formam leitores e, mais do que isso,  por trás da roupagem de fantasia tem todo um pensamento e analogias de um processo critico do nosso mundo.”

Ao todo, foram 2.599 inscritos em todas as categorias do Jabuti e selecionados 200 obras. Cada categoria conta com 10 finalistas na primeira etapa e, nesta quinta-feira (5), será divulgada a ista com os 5 últimos finalistas. No dia 26 de novembro o público vai conhecer os vencedores que disputarão o título do Livro do Ano.

“Tter sido indicada esse prêmio é uma realização muito grande. Eu estou trabalhando desde que publiquei meu primeiro livro, em 2012. Tenho um grupo de escritores, o papo de autor, que sempre trocamos ideias. Sempre me esforçando para melhorar. Já estou comemorando como se tivesse ganhado o prêmio. Além de ser uma realização muito grande para mim, é para toda a categoria. Para meu gênero é mais especial pois a literatura fantástica sempre foi diminuída. O meu romance fala muito sobre relacionamento abusivo, mas em nenhum momento eu falo isso, não é o tema do livro.”