Com a maturidade, fazer enxoval para bebês da periferia se tornou missão de vida

Quem trabalha no ramo da saúde se depara com diversas situações comoventes, como mães quase dando à luz sem nenhuma roupinha para o filho. Foi casos assim que motivou a criação da turma de “costurinha”, na Sociedade Espírita de Luis Sérgio, localizada no bairro Coronel Antonino em Campo Grande. São 13 senhoras, sob a coordenação […]

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Dona Jandira
Dona Jandira

Quem trabalha no ramo da saúde se depara com diversas situações comoventes, como mães quase dando à luz sem nenhuma roupinha para o filho. Foi casos assim que motivou a criação da turma de “costurinha”, na Sociedade Espírita de Luis Sérgio, localizada no bairro Coronel Antonino em Campo Grande.

Com a maturidade, fazer enxoval para bebês da periferia se tornou missão de vida
As peças são colocadas em saquinhos de TNT para presentear as mães. (Foto: Minamar Júnior)

São 13 senhoras, sob a coordenação de Sueli Ortega, 57, onde a voluntária mais experiente tem 81 anos. Elas produzem um kit, com dois conjuntos de mijão com pagão, duas fraldas de tecido, fraldas descartáveis, toalha, cobertor, pantufas, sapatinhos de tricô e sabonete.

“Temos seis unidades de saúde cadastradas. Nós produzimos os kits e entregamos às assistentes sociais dos locais, que dão para as mães em situação de vulnerabilidade que participaram de todas as reuniões e consultas de pré-natal. Eu estou coordenado e trabalhando com a busca de doações há sete anos, mas o projeto já tem quase 13 de fundação, pela Neli Tamiozo”, explica Sueli.

As histórias são muitas, mas a emoção é evidente no olhar de cada uma ao contar suas histórias. “Quando você entra, acaba se envolvendo emocionalmente e isso se torna uma missão de vida. Um chamado! Só que depois dos kits entregues, mesmo não tendo contato com as mães, nós vamos para casa se preocupando de como vai ser o futuro daquele neném”, confessa a pedagoga aposentada Joana Luiza de Jesus, de 76 anos, enquanto cortava as fraldinhas de pano.

Com a maturidade, fazer enxoval para bebês da periferia se tornou missão de vida
Deni mostrando mais uma roupinhas que vai para um neto do coração. (Foto: Minamar Júnior)

Deni Oliveira está no grupo há três anos e entrou apenas para aprimorar as técnicas de costura, mas acabou se tornando parte da equipe e se envolveu por completo com a missão, apelidando os bebês de “netos do coração”.

“Aqui é como uma família, eu me sinto bem aqui e sou apoiada pelo meu esposo. Me emociono toda vez que chega uma foto das crianças com a roupinha, que passou pela minha mão, que eu ajudei de alguma forma”, relata Deni, segurando o pagãozinho com todo carinho.

Com 67 anos, com seus olhinhos puxados, Isaura Guedes está desde o começo no projeto, sendo a primeira costureira a fazer as roupinhas. “A fundadora, dona Neli, me entregou um pedaço de malha e pediu para eu fazer os conjuntinhos, em casa mesmo. Eu trazia cerca de 60 conjuntinhos a cada 15 dias, isso há 13 anos”, lembra Isaura.

Com a maturidade, fazer enxoval para bebês da periferia se tornou missão de vida
Isaura é uma das primeiras colaboradoras do projeto. (Foto: Minamar Júnior)

Ela conta que foi esse projeto o principal responsável por sua estabilidade emocional, após duas perdas marcantes. “Meu marido não resistiu a cirurgia de ponto-safena e faleceu, logo em seguida a minha mãe. Eu sempre fui dona de casa, era antissocial demais. Fazer essas amizades me ensinou a viver em grupo, me transformou. Essa costura foi a minha terapia depois das perdas”, confessa a senhora japonesa.

Figura marcante é a Jandira Leite, aos 81 anos, a mais velha do grupo, faz os arremates nas peças enquanto conta as histórias vividas na sua cidade natal, Corumbá, a 426 km da Capital. “Eu vim para cá depois de um acidente de carro, que limitou minha visão. Eu coloco fitas, elásticos ou faço pontinhos. Só não costuro porque, não sei o que acontece, que perco o controle da máquina e sai tudo fora”, conta dando risada das tentativas de costuras que não deram tão certo.

Doações

Por mês, são gastos mais de R$ 1,2 mil com a compra de tecidos e peças de aviamento, tudo bruto, para confecção de 30 jogos de enxoval. Mas as máquinas Overloque, industrial e de costura reta precisam de manutenção, além dos materiais para acabamento.

Com a maturidade, fazer enxoval para bebês da periferia se tornou missão de vida
Espaço da “costurinha” da Sociedade Espírita de Luis Sérgio. (Foto: Minamar Júnior)

“Fazemos feira de artesanato, brechó e outras ações, pois não é fácil arrecadar esse valor mensalmente. Toda doação de tecido e peças de aviamento são bem-vindas, para que consigamos atender as mães”, detalha a coordenadora Sueli.

Para quem deseja doar metros de tecido de fralda, falda toalha, flanela, sabonetes para bebês, cobertores, tecidos para apliques ou aviamentos em geral, ligue para Sueli pelo (67) 9 8401-1412. Os kits atendem os recém-nascidos em situação de vulnerabilidade da região norte de Campo Grande, saída de Cuiabá.

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