No palco, os dançarinos aparecem com os corpo cobertos de lama. Representam o caranguejo que vive no mangue do Nordeste brasileiro. Inspirado no poema de João Cabral de Melo Neto, de 1950, o espetáculo “Cão sem Plumas”, da coreógrafa Déborah Colker, mostra através da dança a crítica ao descaso com o meio ambiente, os rios e ainda ala sobre um homem roubado e saqueado, o próprio brasileiro.
Mas no palco não há só dança. Em uma única peça, Déborah reuniu outras artes, como cinema, poesia e música. “Construí um movimento com versos que dançassem as palavras deste poema, que fala sobre um descaso às pessoas, à natura e à geografia. É uma obra de 1950, mas tão atual”, pontua a coreógrafa.
Para montar o espetáculo, colocando os versos do poema em cada passo dos dançarinos, Déborah conta que foram três anos trabalhando nesta construção. “Trabalhava oito horas por dia, estudando cada detalhe, sentindo. Até conseguir trazer este poema para o corpo do bailarino. Escolhendo qual parte do poema era importante, qual parte teria que ser cantada, qual teria que ser recitada… É assim que se traduzir o poema através da dança”, explica.
Após muito estudo, foi a vez da residência. Junto a uma equipe, Déborah Colker passou três meses em Pernambuco, onde ficou de cara com a realidade, contato com o povo de lá, realizou oficinas. “A gente se apropriou deste ritmo, desta terra craquelada”, comenta a coreógrafa.
O poema acompanha o percurso do rio Capibaribe, que corta boa parte do estado de Pernambuco, mostrando a pobreza da população ribeirinha, o descaso das elites, a vida no mangue. Mas Déborah ressalta que este saqueamento existe no mundo todo.
“A gente está vivendo o auge na corrupção. Escolhi este poema porque pra mim é um soco no estômago, fala sobre o que não deveria acontecer”, conta Déborah.
Déborah Colker segue com apresentações do espetáculo Cão Sem Plumas até setembro no Brasil. Depois, ela segue para os Estados Unidos.
Em Campo Grande
O espetáculo “Cão Sem Plumas” é apresentada em Campo Grande, neste sábado (16) e domingo (17), no Teatro Glauce Rocha.
Os ingressos estão à venda na livraria Le Parole, que fica na rua Euclides da Cunha, 1126, pelo site www.ativaingressos.com.br ou na bilheteria do espetáculo.
A meia entrada vale para idosos, com apresentação de documento, estudantes e professores que apresentarem a carteirinha e doadores de sangue e medula que apresentarem sua carteira de doador.
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